Guia Troféu Nebelhorn - Parte 1

Logo de divulgação do Nebelhorn (Divulgação)

Não é Copa do Mundo, mas para alguns esportistas brasileiros é como se fosse. Entre os dias 26 e 28 de setembro acontece em Oberstdorf, na Alemanha, o Troféu Nebelhorn, um dos mais tradicionais eventos de patinação artística no gelo. 

Mas não é isso que está em jogo. O torneio servirá como repescagem olímpica para os Jogos de Sochi, em fevereiro de 2014. As últimas vagas na patinação serão preenchidas aí. Depois, não adianta reclamar, chorar ou lamentar: não haverá outra chance. 

E esta última oportunidade definirá toda a temporada para dois jovens e talentosos brasileiros. Com a inédita vaga olímpica virá a mídia, os torcedores e, principalmente, os patrocinadores. Sem ela, as dificuldades de sempre continuarão por um longo tempo. A própria Confederação Brasileira de Desporto no Gelo sabe da importância do Troféu Nebelhorn. Afinal de contas, quanto mais atletas estiverem presentes nos Jogos, mais chance a entidade terá para captar recursos. 

Luiz Manella, 18 anos, e Isadora Williams, 17, são franco-atiradores na disputa. Ambos fazem temporadas excelentes e possuem chances reais de beliscar a classificação olímpica. Mas que a pressão pare por aqui: na Alemanha estarão atletas com muito mais estrutura e tradição do que os dois possuem. 

Diante de tudo isso, o Blog Brasil Zero Grau preparou um Guia Especial do Troféu Nebelhorn. O material está dividido em três partes. A primeira delas, publicada hoje, falará da história da competição e do que está em jogo nela. Amanhã uma análise dos principais rivais dos brasileiros. Por fim, na quarta-feira, perfis e entrevistas exclusivas de Luiz Manella e Isadora Williams, brasileiros que podem escrever mais uma história no esporte nacional. 


Tradição

Organizado desde 1969, o Troféu Nebelhorn se consolidou como um dos principais torneios na categoria senior na patinação artística no gelo. Tanto que ele é um dos mais antigos que sobreviveram aos tempos modernos.

Organizado pela União da Alemanha de Patinação Artística, o Nebelhorn sempre está sediado em Oberstdorf e recebe este nome em homenagem à montanha Nebelhorn, próxima da cidade. O torneio conta com as quatro categorias: individual masculino e feminino, pares e dança no gelo. 

No início o Nebelhorn acontecia com o Grand Prix St. Gervais (já extinto), da França, com a qual formava a Copa dos Alpes. Na década de 80, antes da instituição do circuito júnior pela ISU (União Internacional de Patinação), era a porta de entrada para jovens patinadores em provas senior. Fato que ainda continua nos dias de hoje. 

Tal importância fez com que a competição fosse usada sempre para abrir a temporada senior, ainda no outono do hemisfério norte. Dessa forma, é no Nebelhorn que a federação internacional testa novos métodos de avaliação e pontuação. 

Assim como neste ano, em 2009 o Nebelhorn foi usado como repescagem olímpica para os Jogos de Vancouver, realizados em 2010. Como se vê, é um dos eventos que sempre está na vanguarda no cenário internacional da patinação artística no gelo. 

Clima propício

Oberstdorf (Reprodução)
Oberstdorf é um pequeno vilarejo alemão com pouco mais de nove mil habitantes segundo o Censo de 2012 e está no pé da montanha de Nebelhorn. Fica situado na região da Bavaria, no sul da Alemanha. 

Mas não se engane com o tamanho da cidade e com o suposto clima bucólico. Oberstdorf respira esportes de inverno e é referência para muitos atletas alemães e até mesmo de outros países. 

Primeiro justamente pelo Centro de Patinação Artística, um dos mais modernos do mundo e que sediará o Nebelhorn. Construído fora da cidade, são três ringues cobertos e um deles é acessível à população para patinação por lazer. Também recebe muitos atletas europeus para períodos de treinos. 

Graças à cadeia de montanhas que inclui o Nebelhorn, Oberstdorf também é reduto para o esqui saltos. A cidade integra o Four Hills, considerado uma espécie de Grand Slam no esqui saltos e que reúne as quatro melhores montanhas para este tipo de prova, por assim dizer. 

Para encerrar, alguns membros da delegação de esportes de inverno da Alemanha moram no vilarejo, a fim de aproveitar um pouco mais desse clima, seja esportivo ou meteorológico. 

As vagas

Em 2009 o Troféu Nebelhorn foi usado como repescagem olímpica. Passou no teste e nesta temporada será novamente a última chance para muitos atletas que sonham com os Jogos Olímpicos de Sochi, no ano que vem.

Não são muitas as vagas, entretanto. São seis vagas para homens e seis para mulheres no individual, quatro para os pares e cinco na dança no gelo. As outras vagas foram preenchidas no Mundial Senior, que aconteceu no primeiro semestre, no Canadá. 

Então pela lógica simples é o seguinte: os seis primeiros colocados na classificação final ficam com a vaga, certo? Nem tanto. Apesar de ser classificação olímpica, o evento também conta com atletas que já garantiram a vaga e querem iniciar a temporada e muitos outros de países que já estouraram suas cotas (falarei delas abaixo). 

Tomando como exemplo o torneio de 2009, a vaga olímpica foi remanejado para o 14º no masculino e 12º no feminino, apenas para se ter uma ideia. É aí que reside a esperança brasileira, por exemplo. 

Diante disso, temos o seguinte resumo da competição: no masculino, 34 atletas se inscreveram, mas apenas 26 brigam pelos Jogos. No feminino são 36 atletas, mas apenas 28 estão na repescagem olímpica. Nos pares 19 duplas se inscreveram e apenas 13 tem chances de classificação olímpica. Por fim, na dança no gelo, dos 23 casais inscritos, 18 lutam pelas cinco vagas em disputa. 


As cotas

No máximo cada país pode classificar três atletas por categoria. Mas não são todos que terão esse privilégio. O número de vagas por países foi determinado no último Mundial Senior. 

É um modelo um pouco complexo. Para ter direito às três vagas, o país que colocou apenas um atleta no Mundial teria que vê-lo terminar entre os dois primeiros. Para ter duas vagas, o atleta teria que terminar entre os 10 primeiros. 

Mas se o país teve dois ou três atletas inscritos no Mundial, para ter as três vagas os dois melhores precisavam terminar a disputa entre os 13 primeiros. Caso contrário, para tentar duas vagas, eles precisavam ter os dois atletas entre os 28 primeiros no evento. Sem esses requisitos  é apenas uma vaga por país. 

Dessa forma, no masculino por exemplo, Estados Unidos, Rússia, Canadá, Japão, Suécia, apenas para citar países que tem atletas inscritos no Nebelhorn, já estouraram suas cotas. No feminino a mesma coisa. Japão, Alemanha, Suécia, Austrália, Áustria, que inscreveram competidoras no evento, também já estouraram suas cotas (a lista completa estará disponível na segunda parte do guia). 


Calendário

Anote aí os horários e as provas do Troféu Nebelhorn (sublinhado as competições com os brasileiros):

Quinta-feira, dia 26
11h00 horário local (6h00 horário de Brasília) - Feminino - Programa Curto
16h20 horário local (11h20 horário de Brasília) - Pares - Programa Curto
19h55 horário local (14h55 horário de Brasília) - Dança no gelo - Dança curta

Sexta-feira, dia 27
8h30 horário local (3h30 horário de Brasília) - Masculino - Programa Curto
13h50 horário local (8h50 horário de Brasília) - Pares - Programa Longo
18h00 horário local (13h horário de Brasília) - Feminino - Programa Longo

Sábado, dia 28
9h00 horário local (4h00 horário de Brasília) - Masculino - Programa Longo
15h15 horário local (10h15 horário de Brasília) - Dança no Gelo - Dança livre
20h15 horário local (15h15 horário de Brasília) - Exibição com os medalhistas

Não perca amanhã a análise dos principais atletas presentes na disputa e as dificuldades para os brasileiros conquistarem a inédita vaga olímpica!

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