Comendo pelas beiradas

Jaqueline na Copa do Mundo de Biatlo (Reprodução/ Blog Jaqueline)

Desculpe-me, mas não resisti à tentação do trocadilho na abertura do texto sobre a atleta Jaqueline Mourão. Como boa mineira, ela vai comendo pelas beiradas em mais um ciclo olímpico. Afinal de contas, ela própria confessou que desde 2010 resolveu "levar um ano após o outro", sem grandes planos para sua carreira.

O fato é que mesmo assim a atleta de 36 anos (prestes a completar 37) não só foi a primeira brasileira a estrear na temporada de inverno do hemisfério norte como já quebrou até mesmo o recorde brasileiro no biatlo na sua segunda competição e está na disputa da Copa do Mundo da modalidade - é a primeira vez que um atleta do Brasil participa da competição. 

Copa do Mundo de Biatlo (Reprodução/Blog Jaqueline)
Não bastasse isso, ela foi a primeira brasileira a competir no Mundial de Biatlo (ao contrário dos outros esportes, acontece todo ano). Logo na sua primeira temporada, quebrou todos os recordes brasileiros da modalidade. "Ainda sou iniciante e tenho ainda muito a aprender neste esporte tão complexo e que estou simplesmente apaixonada", comentou, com modéstia.

E mesmo apaixonada pelo Biatlo, ela também continua como o principal nome do cross country brasileiro feminino, onde treina mais o estilo livre. Isso a coloca novamente como a principal atleta de neve do Brasil. Não à toa que neste ano, mesmo sem pensar longe, ela conquistou o prêmio Melhores do Ano do Comitê Olímpico Brasileiro. 

"Bom, depois da ultima temporada, onde terminei como 6ª colocada no campeonato canadense, eu posso dizer que posso competir de igual para igual e até mesmo superar atletas de países nórdicos. Eu tendo certeza que evolui muito neste esporte e conquistei resultados muito expressivos considerando que vi neve pela primeira vez somente aos 27 anos!", afirmou a atleta. 

Tudo começou lá atrás, em 2005, quando ela era "apenas" uma atleta consagrada do Mountain Bike brasileiro. Principal nome do ciclismo, foi Jaqueline a responsável pela primeira participação feminina do país no esporte em Jogos Olímpicos de Verão. Sua nona posição no ranking da União Ciclística Internacional valeu a vaga para Atenas-2004. 

Mas quando ela estava com o marido Guido Visser no Canadá, para um período de treinamentos, foi surpreendida com uma nevasca, que a deixaria presa em casa. A não ser que ela aprendesse a esquiar com o companheiro, que praticava o esqui cross country. 

Bastou uma temporada para Jaqueline fazer história novamente e ser a primeira brasileira a competir tanto nos Jogos Olímpicos de Verão quanto no de Inverno. Em Turim-2006 lá estava ela na prova do Cross Country. 

Ainda deu tempo de voltar aou Mountain Bike para os Jogos de Pequim, em 2008, mas depois disso passou a se dedicar somente aos esportes de inverno. Tanto que em 2010 lá estava ela novamente nos Jogos de Vancouver, novamente no Cross Country. 

"Estou animada com os treinamentos e minha progressão, eu acredito que fiz uma ótima preparação para Vancouver, durante a prova consegui dar tudo o que tinha e sai satisfeita. Mas agora tenho mais experiência e a cada ano consigo aprimorar mais minha técnica no esqui, e isso faz diferença no resultado final", completou. 



Outro fator que faz a diferença para a brasileira, agora, é a vida de mamãe. Logo após os Jogos de Vancouver, Jaqueline anunciou que estava grávida. Mesmo assim, conseguiu conciliar a gestação com os esportes de inverno praticamente até o fim. E nem mesmo o nascimento do filho Ian a impediu de tentar mais uma caminhada olímpica, dessa vez para Sochi, na Rússia. 

"Claro que minhas prioridades mudaram, mas por enquanto consigo conciliar a vida de mãe e atleta muito bem, e ainda estou forte para competir e conseguir bons resultados. Então, vamos ver até onde posso progredir e ai sim decidimos", respondeu, deixando no ar uma possível aposentadoria pós-Jogos Olímpicos. 

Até porque para se aposentar após as Olimpíadas, Jaqueline ainda precisa confirmar sua vaga. A meta principal desta temporada é o Mundial de Biatlo. "As expectativas são boas, eu tenho melhorado no tempo de tiro e aprimoramos mais um pouco na técnica do esqui. O foco principal é o campeonato mundial 2013 na Rep Tcheca, onde teremos que ter uma boa performance para continuar na busca pela classificação para Sochi", comentou. 

E que ninguém duvide da capacidade dela! Como boa mineira, Jaqueline vai comendo pela beirada e, com isso, abocanhando recordes e glórias para o Brasil. 

*Quem quiser acompanhar a jornada de Jaqueline Mourão, também pode acessar o Blog dela. Basta clicar aqui 

 

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