A amazona da esperança

Isabel durante treino em Powder King (Divulgação/Iván Fuenzalida)

A carioca Isabel Clark Ribeiro dispensa apresentações. Dona do melhor resultado brasileiro em Jogos Olímpicos de Inverno, única atleta de neve a concorrer pelo Prêmio Brasil Olímpico e a melhor brasileira em qualquer ranking internacional de qualquer modalidade de inverno.

Parece muito? Pois saiba que esta atleta ainda quer mais. Quer estar presente em mais uma edição de Jogos Olímpicos e, quem sabe, entrar no top 10 também num Mundial de Snowboard, superando a 12ª posição no distante ano de 2001.


Por isso ela nem quer saber de perguntas sobre uma possível aposentadoria, fez um trabalho firme nesta temporada e entra confiante nesta quinta-feira, para mais uma disputa de Mundial, a sexta na carreira. A partir das 13h30 no horário local (16h30 no horário brasileiro de verão), Isabel Clark estará presente na prova de snowboardcross em Stoneham, no Canadá.


Ainda não foi divulgada a lista de largada da prova, mas sabe-se que no snowboardcross, ao contrário de outras provas do Snowboard, as baterias contam com quatro atletas ao mesmo tempo que descem a montanha. Apenas as melhores estarão presente na final, que acontecerá na tarde deste sábado. 


Isabel novamente em Powder King (Divulgação/Iván Fuenzalida)
Além de desafiar as melhores do mundo, Isabel terá que superar uma pista considerada difícil por parte dos atletas e o frio. Sim, o frio. A expectativa é de que na competição a temperatura chegue a -25°C, algo complicado até para quem nasce nesses ambientes. "Pretendo ver essas dificuldades como desafios, que vou me preparar para superá-los", comentou a atleta ao Blog.

Isabel fala da experiência de seus 36 anos e dos 10 anos de disputa no circuito mundial de Snowboard. De completa anônima à sinônimo de resultado em esportes de inverno no Brasil, a atleta amadureceu e sente-se no auge de sua melhor forma física e técnica. Um ano antes dos Jogos Olímpicos de Sochi.


"Estou muito contente com esta temporada, pois sinto uma melhora no meu nível técnico e físico. No alto rendimento cada avanço é super demorado e é preciso muita perseverança e paciência. Estou me sentindo mais forte e mais fina tecnicamente, e consequentemente, curtindo mais os treinos e competições, independente de que resultado eu alcance".


Mas seria este o último ciclo olímpico de Isabel? Quando ela competir em Sochi, pois certamente conquistará uma das 24 vagas em disputa, terá 37 anos. Em 2018, terá 41 anos. "Tenho vontade de fazer muitas coisas depois, mas por enquanto não vou perder meu tempo e energia pensando no depois. Meu objetivo agora é o presente", despistou.


Pois então vamos ao presente. Nesta temporada, Isabel participou de duas etapas da Copa do Mundo, em Montafon (Áustria) e Telluride (EUA). Foi na última que ela alcançou sua melhor posição, 13ª e 200 pontos. Na quinta Lista de Pontos FIS ela ocupa a 37ª posição atualmente no snowboardcross.


"Tive boas performances, e classificações na pista, mas nas baterias finais poderiam ter sido melhores", admite.


A chance de melhorar é agora, no Mundial. Um bom resultado de Isabel Clark não renderá frutos apenas a ela, mas também ao próprio esporte. O Snowboard é a modalidade de inverno mais praticada no país, mas carece de nomes no circuito mundial. Cenário que nem a nona posição em Turim conseguiu mudar.


"Acho que vai ficando menos atrativo para os novos atletas ter que se dedicar tanto e deixar muita coisa de lado para poder realmente elevar o nivel e quem sabe chegar num nível profissional mundial. Fica cada vez mais difícil para quem mora no Brasil. É preciso praticamente não morar no Brasil para ser profissional. Mas mesmo assim, tem aparecido atletas brasileiros novos e motivados e apaixonados pelo snowboard", concluiu Isabel.

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