Bolsa Atleta

O Ministério do Esporte divulgou nesta última sexta-feira a relação dos atletas contemplados para o Bolsa Atleta-2013. Serão 4.992 bolsas de ajuda e pela primeira vez o programa abrange todos os estados brasileiros e conta com regras mais brandas, pois até quem tinha patrocínio poderia receber o auxílio.

Para quem não está familiarizado com o tema, o Bolsa Atleta é o maior programa de auxílio direto do Ministério (e consequentemente do poder público) aos atletas brasileiros em três níveis: olímpico, internacional e nacional. A bolsa varia entre R$ 370 e R$ 3.100.

Bom, dito isso, ressalto que o Bolsa Atleta sempre rende polêmicas. Desde o abrandamento dessas regras, pois no fundo é absurdo mesmo que atletas que já possuem fonte de renda estabelecida possam ganhar o benefício em detrimento de outros que mal se sustentam como cidadãos. Outra, levantada pelo Uol, traz atletas pegos no antidoping que receberão o dinheiro: afinal de contas, podem ou não podem?

Para mim, o que interessa é que dos 4.992 atletas contemplados, apenas 12 são de modalidades olímpicas de inverno (isso se não pulei algum nome na lista). É menos de 1% das bolsas... 0,24% para ser mais preciso. 

Dá até para listar num parágrafo os nomes dos contemplados. Na categoria olímpica estão Isabel Clark (snowboard), Jaqueline Mourão e Leandro Ribela (cross country) e Jhonatan Longhi e Maya Harrison (esqui alpino). Na categoria internacional estão Mirlene Picin (biatlo e cross country) e Esmeralda Alborghetti (esqui alpino). Por fim, na categoria nacional estão Fábio Guglielmini (esqui alpino), Fabrizio Bourguignon, Leandro Lutz e Gabriela Neres (biatlo e cross country) e Lucas Rezende (snowboard). 

Primeiro é bom salientar que os 12 contemplados realmente merecem a bolsa e auxílio para competirem e se dedicarem só na parte esportiva. Eles, de fato, são merecedores disso. Confesso ainda que fiquei muito feliz em ver nomes de Esmeralda Alborghetti e Gabriela Neres, duas jovens que bem trabalhadas podem render bons frutos para os esportes de inverno do Brasil. 

Mas não acredito que a participação dos esportes de inverno em representatividade não ultrapassa 0,25% para o governo federal. Entendo que todos os esportes olímpicos também brigam para serem contemplados e nessa conta entra 28 modalidades de verão. Mas também estamos falando de esportes olímpicos aqui!

Sei lá, não poderia dar mais uma bolsa internacional para Chiara Marano, por exemplo? Confesso também que senti as ausências dos patinadores Luiz Manella e Isadora Williams, jovens de talento que competem em provas internacionais e que sonham em representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Sochi. 

Posso estar falando besteira, pois não sei se os dois foram inscritos para receberem a Bolsa Atleta. Mas não tenho dúvidas de que o dinheiro seria muito bem vindo para os dois, que rodam o mundo em provas internacionais! 

Enfim, que os 12 atletas de inverno contemplados possam fazer bom uso do dinheiro público e erguerem a bandeira brasileira nos alpes e montes gelados pelo mundo. 

Atualizando: Alexa Williams, mãe de Isadora, e Valeria Manella, mãe de Luiz, fizeram comentários no Facebook sobre a questão do bolsa-atleta. As duas não esconderam o incômodo em verem seus filhos, atletas internacionais, sem um centavo de apoio do Brasil. 

Elas garantem que fizeram o pedido do bolsa-atleta junto ao governo federal. "Estamos tristes e muito decpicionados. porque a aplicacacao foi feita", escreveu Alexa num dos comentários. 

"Fiquei indignada, nenhum atleta do gelo em plena temporada de Olímpiada de inverno, em 2012 o Luiz Manella conquistou uma vaga na Olímpiada da juventude para o Brasil foi inscrito para a bolsa atleta e nada" comentou Valeria em outro comentário. 

Fica difícil tentar explicar realmente. Se é levado em conta os resultados no ano de 2012, como acreditar que Isadora, medalha de bronze no Golden Spin (a primeira da história da modalidade) e classificada no Mundial adulto, possa ter ficado de fora. Ou até mesmo Luiz, que garantiu vaga nos Jogos Olímpicos da juventude e briga pra ser top 10 no Mundial Júnior. 

Em pleno século 21, a três anos de sediar os Jogos Olímpicos de Verão, o Brasil ainda não sabe valorizar e cuidar de suas jovens promessas nas mais diferentes modalidades esportivas. 

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