Vozes de Sochi - Fabio Guglielmini (esqui alpino)

 
Fábio (à esq.) com Ryan Snow, do aerials, no centro (Renato L. Ribeiro/CBDN)


O último dia 20 de maio foi especial para o brasileiro e Fábio Guglielmini, 19 anos. Pela primeira vez desde que saiu do país adotado por uma família suíça com dois anos de idade, ele nunca retornou ao Brasil. Cresceu, virou atleta profissional e representa seu país natal, mas nada de pôr os pés aqui. 

Mas naquela semana ele matou a vontade. Veio para cá na semana de avaliações que a CBDN realizou e que culminou com a festa de encerramento da última temporada. Foi sua primeira vez em solo brasileiro.

Só não teve tempo mesmo de visitar São Paulo, apesar de ter perdido uma tarde no Poupatempo para arrumar seu cartão de identificação. Rotina de um típico cidadão brasileiro que acelerou o coração desse atleta acostumado com alta adrenalina.


De corpo e alma

Faltava esse contato maior com seu país de origem para tornar o jovem Fábio Guglielmini mais brasileiro. Dos três membros "internacionais" do esqui alpino, por assim dizer, ele é o único que nunca tinha vindo para cá, apesar dos grandes serviços prestados à bandeira brasileira. 

Ele já passou de promessa a realidade no esqui alpino. Tanto que causa uma ligeira dor de cabeça para os diretores da confederação de neve. Afinal de contas, sua participação natural em Jogos Olímpicos seria a de 2018, quando estivesse com 23 anos, na flor da idade e com bastante experiência internacional.

Mas ele mal saiu das provas júnior e já conseguiu marcas muito boas, semelhantes até a de Jhonatan Longhi, que possui os recordes de slalom especial e slalom gigante. Foi o 81º no Mundial desta temporada, em Schladming, na Áustria. Um atleta desse tipo dá mostras de que faz por merecer brigar pela vaga olímpica. 

"Acho que é cedo pensar nisso e não sei ainda como será a próxima temporada. É verão na Suíça e tenho que planejar as provas. Não sei ainda. Mas mesmo assim quero fazer uma boa participação nos Jogos Olímpicos. Quero estar lá", confirmou ao Blog.

Mais uma chance de sentir orgulho pelo país que representa. Na festa de encerramento Fábio não escondia a alegria de ser atleta brasileiro. Em entrevista ao Blog, falou diversas vezes em "orgulho". Se antes ele se sentia um estranho, hoje não vê a hora de ser identificado como brasileiro. 

"Para mim é muito especial, porque depois de ser adotado é a primeira vez que venho para cá. Isso não é normal, porque viajo muito. O mais importante que aconteceu comigo nesta semana foi quando abri a janela e pensei 'nossa, isso é o Brasil' e meu coração bateu acelerado. Foi estranho. Tirei uma foto do Iphone e nunca senti isso em outro país. Eu tenho orgulho do Brasil. Orgulho de representar esse país e estou aqui para representar até o fim", afirmou.

E olhe que ele poderia competir por equipes mais qualificadas. Fábio saiu de Pernambuco com dois anos de idade para ir até a Suíça, lar da família que o adotou. Seu pai era membro da equipe suíça de esqui alpino. "Tive esquis antes mesmo de andar", brincou o atleta.

Foi pelo time da Suíça que ele treinava e participava de suas primeiras provas. Até que um acidente numa prova o fez ficar bastante tempo parado. Quando retornou, já estava abaixo do nível de seus colegas de time e não conseguiria acompanha-los mais. Até que surgiu o convite para representar o Brasil pela CBDN.

"Isso foi difícil no começo porque o Brasil para mim era apenas um pensamento, um pedacinho da história da minha vida. Era difícil representar algo que aconteceu há 18 anos atrás. Mas depois que cheguei aqui no país, tocou meu coração e me sinto mais brasileiro agora.  É algo especial porque sou conhecido como o brasileiro nas provas que disputo. Os meus melhores resultados são com o Brasil no esqui. Estou feliz", garantiu Fábio. 

Pode ficar mais feliz ainda no fim desta próxima temporada. Fábo Guglielmini segue em constante evolução. Ele já está na casa dos 50 pontos e é questão de tempo abaixar suas marcas para 40 pontos. Ele até tem tudo para chegar na barreira dos 30 pontos com muito treino e dedicação e conseguir disputar etapas da Copa do Mundo, evento que só reúne os melhores do mundo. 

Conseguindo essa evolução, ele se credencia para poder representar o Brasil nos próximos Jogos de Inverno. Nada mal para quem se joga de corpo e alma à cidadania de seu país.

Confira entrevista de Fábio Guglielmini ao Blog Brasil Zero Grau. Entrevista em inglês apenas com falas dos atletas!

 

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