Vozes de Sochi - Maya Harrisson (esqui alpino)

Maya durante entrevista ao Blog (Renato Leite Ribeiro/CBDN)
Maya Harrisson surgiu para o esqui alpino muito jovem. Antes mesmo de completar 18 anos ela já pulverizava antigos recordes brasileiros. Se antes havia o temor da barreira dos 100 pontos FIS, com Maya caiu para inacreditáveis 35 pontos no slalom gigante (no esqui quanto menos pontos tiver, melhor). 

Foi assim, cercado de expectativa, que todos acompanharam a participação dela em Vancouver e a pós-temporada. Mas infelizmente o destino sempre prega peças. Um ano após os Jogos de 2010, Maya Harrisson se machucou. Mas não foi uma lesão qualquer, que melhora em algumas semanas. 

Não. A brasileira ficou dois anos no departamento médico, sem esquiar. Viu suas rivais diretas melhorarem suas marcas enquanto ela parou no tempo. O futuro que parecia brilhante tornou-se nebuloso. É nesse cenário que no fim da temporada passada Maya voltou a esquiar. E terá apenas uma temporada para provar que está em boa forma e merece disputar sua segunda Olimpíada. 

Contra o tempo

Mas sempre há a esperança. Se serve de consolo, Maya ainda detém os recordes brasileiros no slalom e  slalom gigante, as duas principais categorias dos atletas brasileiros. Ou seja: em dois anos, ninguém conseguiu igualá-la em resultados. 

Quem mais chegou perto foi Chiara Marano, que confirmou o índice para o Brasil na última temporada. As duas são amigas da seleção e trocam experiências. Quem tiver em melhor condição física, fica com a vaga. 

É aí, porém, o ponto fraco da atleta. Dois anos parados que comprometeram, e muito, sua preparação. Se Chiara não chegou perto de seus recordes, ela tem a vantagem de ter competido nas últimas temporadas. 

"Eu não posso dizer agora que estou bem por causa dos meus dois anos lesionada. Todo mundo melhorou e treinou enquanto eu fiquei no mesmo lugar. Vai ser difícil recuperar esses dois anos parados. Eu não sou a mesma de 2010, mas não posso dizer que estou mais forte", admitiu a jovem ao Blog Brasil Zero Grau.

Mesmo assim, o planejamento de sua temporada envolve a participação nos Jogos Olímpicos de Sochi, no ano que vem. Se em 2010 ela foi para "se divertir e ganhar experiência", como afirmou, agora quer ir para valer - e mostrar que está totalmente recuperada. 

"Foi muito difícil para mim esses últimos dois anos. Agora estou muito feliz de voltar, estou em boas condições físicas e estou esquiando muito bem. Não quero pensar mais na minha contusão. Eu só quero focar nos Jogos Olímpicos". 

 O planejamento, porém, ainda não foi detalhado. É certo que ela vem para a temporada sul-americana em julho, no resort chileno de Valle Nevado. Aqui treinará em julho e agosto e participará das provas da CBDN. 

A partir de setembro ela começa o treinamento intensivo aliado à algumas competições, para buscar os pontos que lhe trarão confiança e, principalmente, mostrarão que ela voltou a esquiar em grande fase. Travará uma bela disputa interna com Chiara. 

Tanto que nem deu tempo novamente de visitar seu país natal. Maya Harrisson nasceu no Rio de Janeiro, mas foi adotada ainda bebê por uma família francesa. Foi no Velho Mundo que aprendeu a esquiar e tomou gosto pela coisa. 

Quando cresceu, recebeu o convite para representar o Brasil. Neste ano foi a segunda vez que conseguir vir visitar o país. "Só venho em curtos espaços e dessa vez vim para as avaliações físicas. É um pouco frustrante não conseguir visitar meu país natal, mas eu sei que no futuro eu vou vir mais vezes". 

Promessa que ela pretende cumprir com outra, feita ainda nos tempos dos Jogos de Vancouver: aprender a falar português. "Está mais ou menos", respondeu em português, para depois completar em inglês: "Estou aprendendo. É difícil, mas estou aprendendo".

Confira a entrevista de Maya Harrisson ao Blog Brasil Zero Grau (como está em inglês, coloquei apenas as falas da atleta):

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