Rigor

Reprodução/Facebook
Lembro-me bem de uma apresentação da Isadora Williams no Mundial adulto (ou seria no Mundial Júnior?), onde ela se preparava para iniciar a coreografia e a comentarista de uma transmissão afirmou que ela era uma brasileira "importada". 

Desde então essa declaração não sai da minha cabeça. Nem tanto pelo caráter preconceituoso que vem implícito, mas sim por associar esse pensamento a um certo rigor de juízes na apresentação dos patinadores brasileiros.

Falo isso porque neste sábado, a brasileira reclamou das notas dos juízes na apresentação do seu programa curto no Aberto da Ásia. Ela garante ter feito uma apresentação segura, sem erros, mas que resultou numa pontuação menor da que ela tinha com outra coreografia. 

Isadora conquistou 44.64 pontos no total (23.26 no elemento técnico e 21.38 nos componentes do programa). Marca abaixo do potencial dela e que a colocou apenas na sexta posição no primeiro dia de disputas - há oito competidoras e a japonesa Satoko Miyahara venceu com 54.43 pontos. 

Esportes com sistema de notas sempre gera polêmica e permite uma ambiguidade. Quem acompanhou os Jogos Olímpicos de Verão no ano passado deve se lembrar: a dupla brasileira Lara e Nayara também fizeram uma apresentação limpa, segura e que daria uma vaga na final, tranquilamente. Mas os juízes subestimaram a apresentação. 

Há um consenso nessas modalidades de que você precisa ser visto e conhecido para ganhar notas maiores. A lógica é simples: quanto mais apresentações você fizer numa temporada, mais você ficará conhecido na modalidade e mais maleável, por assim dizer, serão os juízes com sua apresentação.

Por isso que é difícil você encontrar alguma surpresa nesses esportes. Quem está na frente é porque pratica e compete mais. Agora imagina no caso brasileiro da patinação no gelo. Nem neve temos por aqui! É natural que os juízes impõem barreiras mentais na apresentação de nossos atletas. Afinal de contas, além de serem de países tropicais, eles sofrem com a falta de verba para fazê-los competir em muitas outras provas.

Isadora paga o preço de ser a primeira patinadora brasileira a competir em várias provas internacionais. Mas é por isso que ela está cavando o espaço dela na história do esporte olímpico brasileiro: degrau a degrau, ela está ajudando a romper barreiras intransponíveis para o país. 

Isadora volta a competir na madrugada deste domingo em Bangcoc, pelo programa longo do Aberto da Ásia. A torcida é que os juízes sejam menos rigorosos com a apresentação da brasileira!

Resultados

Neste sábado aconteceu também o segundo dia do Campeonato Brasileiro de cross country. Foi disputada uma prova de sprint em técnica clássica em Ushuaia, na Argentina. 

Infelizmente não encontrei nenhum resultado oficial ainda, apesar de ter recebido belíssimas fotos de Fernando Aranha do pódio da competição. Vou aguardar até domingo, quando encerra a competição nacional com 10 quilômetros em técnica clássica - a prova mais dura do calendário.

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