São 34 competidores entre os homens e 36 mulheres, mas Luiz Manella e Isadora Williams precisam ficar de olho, de verdade, em outros 25 homens e 27 mulheres. São esses últimos números os que representam quem ainda brigará por uma das seis vagas olímpicas na categoria individual.
Isso acontece porque muitos atletas representam países que já estouraram suas cotas ou porque eles próprios já garantiram a classificação olímpica e querem usar o torneio como parâmetro para treinos e ajustes.
(Você viu ontem, na primeira parte, que o Troféu Nebelhorn é um dos mais tradicionais do calendário internacional e abre a temporada na disputa senior. Ou seja: como o nível é alto, o evento serve para muitos atletas definirem toda sua temporada).
Alguns dos concorrentes mais fortes inscritos na competição não disputarão a vaga olímpica. Isso, porém, não significa que a situação estará mais "fácil" para os brasileiros.
Pelo contrário, como é comum em modalidades de avaliação, os juízes tendem a ser mais rigorosos quando o nível dos atletas envolvidos é maior. Portanto, uma vaga olímpica para Luiz e/ou Isadora seria uma façanha e tanta para o esporte olímpico brasileiro.
Quem é quem
Antes, porém, vamos dar os nomes de quem compete por vaga olímpica e quem não compete no Troféu Nebelhorn. Por motivos óbvios, o Guia do Brasil Zero Grau focará apenas nas disputas masculina e feminina.
Masculino
Disputam as vagas: Slavik Hayrapetyan (Armênia), Brendan Kerry (Austrália), Pavel Ignatenko (Bielorrússia), Manol Atanassov (Bulgária), Jordan Ju (Taipe), Josip Gluhak (Croácia), Hyon Choi (Coreia do Norte), Bela Papp e Valtter Virtanen (Finlândia), Matthew Parr (Reino Unido), Ronald Lam (Hong Kong), Marton Marko (Hungria), Conor Stakelum (Irlanda), Alexei Bychenko e Stanislav Samohim (Israel), Paul Bonifacio Parkinson (Itália), Saulius Ambrulevicius (Lituânia), Fabriczio Carrilo (México), Kim Lucine (Monaco), Michael Christian Martinez (Filipinas), Maciej Cieplucha (Polônia), Jin Seo Kim (Coreia do Sul), Zoltan Kelemem (Romênia), Stephane Walker (Suíça), Ali Dermigoba (Turquia) e o brasileiro Luiz Manella.
Não competem por vagas: Jeremy Ten (Canadá), Justus Strid (Dinamarca), Martin Rappe (Alemanha), Nobunari Oda (Japão), Artur Dmitriev (Rússia), Ondrej Spiegl (Suécia), Yakov Godorozha (Ucrânia) e Jason Brown (EUA).
Feminino
Disputam as vagas: Kaat Van Daele (Bélgica), Anna Afonkina (Bulgária), Veronik Mallet (Canadá), Crystal Kiang (Taipe), Elizaveta Ukolova (Rep. Tcheca), Anita Madsen (Dinamarca), Juulia Turkilla (Finlândia), Elene Gedevanishvili (Geórgia), Isabella Schuster-Velissariou (Grécia), Chelsea Chiappa (Hungria), Ami Parekh (Índia), Clara Peters (Irlanda), Danielle Montalbano (Israel), Alina Fjodorova (Letônia), Inga Januleviciute (Lituânia), Fleur Maxwell (Luxemburgo), Reyna Hamui (México), Michelle Couwenberg (Holanda), Anne Line Gjersem (Noruega), Alisson Perticheto (Filipinas), Sabina Mariuta (Romênia), Sandra Ristivojevic (Sérvia), Dasa Grm (Eslovênia), Lejeanne Marais (África do Sul), Tina Stuerzinger (Suíça), Birce Atabey (Turquia), Ashley Cain (EUA) e a brasileira Isadora Williams.
Não competem por vagas: Brooklee Han (Austrália), Kerstin Frank (Áustria), Elena Glebova (Estônia), Nathalie Weinzierl (Alemanha), Miki Ando (Japão), Elena Radionova (Rússia), Sonia Lafuente (Espanha) e Isabella Olsson (Suécia).
O Blog Brasil Zero Grau convidou Márcio Pereira, diretor técnico de patinação da CBDG, para ajudar na análise dos destaques e dos principais rivais nesta temporada do Nebelhorn.
Martinez (Robin Rittos/ISU) |
No masculino um dos maiores rivais de Luiz Manella será o filipino Michael Christian Hernandez, curiosamente amigo do patinador brasileiro. "Ele ficou em 5° nos Worlds Jr, dez posições na frente do Luiz", afirmou Márcio.
O brasileiro também precisa ficar de olho em outro amigo, o australiano Brendan Kerry, que terminou em quinto na etapa de abertura do Junior Grand Prix desta temporada (competição em que Luiz era o oitavo antes de abandonar por conta de uma lesão). Da mesma forma que o sul-coreano Jin Seo Kim (sexto nesta mesma etapa) e o polonês Maciej Cieplucha, o 25º e primeiro a ficar de fora dos Jogos no Mundial Senior.
Ao contrário de outros competidores, Luiz pouco se aventurou na categoria senior e isso pode pesar um pouco também. Ao contrário do israelense Alexei Bychenko, o 31º no Mundial, e o italiano Paul Bonifacio Parkinson, 11º no último Nebelhorn.
Entre as mulheres o diretor da CBDG garante que a disputa está mais acirrada. Mas num ponto, porém, Isadora deu um pouco de sorte. A finlandesa Kiira Korpi, uma das mais fortíssimas competidoras da atualidade, precisou abandonar a disputa do Nebelhorn por conta de lesão.
Mas ela terá outras rivais difíceis nesta briga olímpica. A principal delas é a experiente Elene Gedevanishvili, da Geórgia, 14ª colocada nos Jogos de Vancouver, em 2010, e que tenta garantir sua terceira participação olímpica. As duas já se encontraram no último Mundial e "apesar de ter ficado atrás da Isadora no último Worlds (29º), ela ficou em 14° em Vancouver", admitiu Márcio.
Aliás são as rivais que bateram na trave no último Mundial que ameaçam a vaga da brasileira. Além de Elena, tem a belga Kaat van Daele, 28ª, a dinamarquesa Anita Madsen, 26ª, e a suíça Tina Stuerzinger, a 30ª. Quem também ameaça brigar forte pela vaga é a norte-americana Ashley Cain, que competia em nível internacional nos pares, mas desfez a dupla no ano passado e passou a focar a disputa individual.
Mas além dos rivais dos brasileiros, vale a pena também prestar atenção nos outros atletas que entram apenas para brigar pela medalha e jogar o nível da competição lá em cima. Muitos astros da patinação artística estarão presentes em Oberstdorf nesta semana.
Miki Ando (Reprodução) |
Entre as mulheres promete haver um encontro de gerações. A japonesa Miki Ando é uma das lendas da modalidade. Ela é, até hoje, a única mulher a realizar um quádruplo na história. Ela ainda foi bicampeã mundial em 2007 e 2011. "Esta japonesa ganhou o mundial em 2011 na frente da Yuna Kim, preciso dizer mais alguma coisa?", confirmou Márcio.
Em Vancouver ela foi quinta colocada, mas Ando não compete desde a temporada 2011 - o Nebelhorn será sua reestreia.
Se uma lenda do esporte retorna, uma nova estrela fará sua estreia na categoria senior. Campeã mundial júnior com 14 anos, a russa Elena Radionova participará de sua primeira competição com atletas bem mais velhas. Mesmo com 14 anos, a russa venceu todas as etapas do Junior Grand Prix que competiu e surge como nova candidata à medalhas num futuro bem breve.
Entre os homens é um japonês que também ameaça roubar a cena: Nobunari Oda. "Esse é o cara. Apesar de estar afastado há algum tempo, ficou em 7° em Vancouver", continuou Márcio. Oda tem uma quarta posição no Mundial, um título do Quatro Continentes, dois vice-campeonatos do final do Grand Prix Senior e, para variar, é o atual campeão do Nebelhorn!
Com ele uma promessa também promete fazer bonito no torneio. O americano Jason Brown, vice-campeão mundial junior, o atleta já tem no seu currículo o título da final do Junior Grand Prix da temporada retrasada. É outro que pode brilhar muito em breve em provas senior.
E os brasileiros?
Ficar entre os seis primeiros do Nebelhorn seria uma façanha e tanto, mas a grande meta para os dois, avaliando as performances de todos os competidores, é tentar ficar entre os dez melhores na classificação final.
Até porque muitos dos favoritos ao título não possuem chance de classificação para os Jogos de Sochi e certamente haverá algum remanejamento. Basta olhar o que aconteceu em 2009, ano em que o troféu também serviu de repescagem: o finlandês Ari Nurmenkari terminou em 14º e garantiu a última vaga olímpica na ocasião. Foram nada menos do que oito remanejamentos! Entre as mulheres a lista rodou menos: a última vaga ficou com a israelense Tamar Katz, a 12ª.
"É importante não criarmos muitas expectativas para que não hajam críticas injustas caso algum deles não consiga. (...) Não devemos encarar isso como única chance de ir às Olimpíadas e sim como o início de um longo trabalho a se realizar" (Márcio Pereira, diretor da CBDG)
Ficar entre os dez não é garantia de Jogos Olímpicos, mas é algo que tanto Luiz quanto Isadora mostraram que podem brigar. A brasileira mesmo ficou na 11ª posição no Nebelhorn na temporada passada. Já Luiz vive grande fase na temporada, apesar de estar com o pé machucado.
Para o diretor técnico da CBDG, a chance é real, mas não se deve criar pressão em cima dos dois atletas brasileiros.
"Apesar das nossas grandes chances, é importante não criarmos muitas expectativas para que não hajam críticas injustas caso algum deles não consiga. Existem tanto no masculino quanto no feminino pelo menos uns dez nomes vindo de países que investem muito mais que nós e há muitos anos. Na minha opinião não devemos encarar isso como única chance de ir às Olimpíadas e sim como o início de um longo trabalho a se realizar. Estar onde eles estão agora para um país como o Brasil já é visto com excelentes olhos pela ISU e pelo mundo".
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