O Brasil Zero Grau completa hoje um ano de idade. Foram 365 dias históricos para os esportes de inverno do Brasil, com classificações olímpicas, resultados históricos e até mesmo mudanças administrativas.
Nesse período o blog acompanhou todos esses movimentos com praticamente uma postagem por dia, trazendo todos os detalhes - até mesmo antes dos grandes portais. Aqui criticamos, elogiamos, informamos e, principalmente, fazemos justiça trazendo histórias que geralmente são ignoradas por grande parte dos torcedores.
É praticamente um ode aos esportes de inverno e ao olimpismo. Por conta disso, para comemorar um ano, este espaço traz dois posts exclusivos, com personagens que vivem e amam esportes de inverno e Olimpíadas. O primeiro deles você confere agora.
Todos sabem que moro em Bauru. Cheguei na cidade em 2007, para cursar Jornalismo. Daqui saíram grandes nomes do esporte brasileiro e mundial: Mário Sabino, no Judô, Max, no Vôlei, e até mesmo Pelé - o rei do futebol passou a infância e adolescência na cidade.
Mas o que sempre despertou minha curiosidade era outro herói do esporte brasileiro: Renato Mizoguchi. Dono dos melhores resultados do país no luge, um dos esportes mais perigosos do mundo, ele nasceu num distrito da cidade antes de ir morar com a avó e se mudar ainda jovem para o Japão, onde começou a andar de skate e a praticar esportes de inverno.
Além dos resultados e do pioneirismo no luge, Renato reservou mais duas brilhantes passagens na história do esporte brasileiro. Primeiro, em 2002, após os Jogos Olímpicos de Salt Lake City. Porta-bandeira do país na Cerimônia de Encerramento, ele conseguiu reencontrar a mãe através da fama obtida na competição.
"Era um objetivo da minha juventude. Desde os 13 anos de idade tinha um sonho de ser famoso e poder reencontrá-la. Imaginava que somente desta forma poderia encontrá-la o mais rápido possível, sem intervenção de ninguém. E aconteceu exatamente como eu esperava. Agora eu estou sempre em comunicação com minha mãe. Ligo de vez em quando ao Brasil para conversar e quando posso levo toda a família ao Brasil para visitá-la".
Famoso pelo que conseguiu fazer nos Jogos de Inverno. Com pouco mais de um ano de experiência no luge, Renato conseguiu a classificação olímpica a sete dias da cerimônia de abertura. "Foi uma grande emoção", admitiu.
Terminou o evento na 46ª posição, emparelhado com Ricardo Raschini, outro brasileiro na disputa. Depois disso seguiu carreira no luge. Em 2004 participou do Mundial e ficou na 37ª posição. Conseguiu participar de etapas da Copa do Mundo na temporada 2004/2005 e ficou na 50ª posição geral. E em fevereiro de 2005 garantiu a classificação para os Jogos de Inverno de Turim, com um ano de antecedência.
Mas uma semana depois desse feito o destino pregou uma peça e Renato escreveu a segunda passagem com muita superação. Na pista de Cesana sofreu um grave acidente e ficou entre a vida e morte. Acabou ali sua carreira como atleta de luge.
"Os médicos na época diziam que não saberiam informar e que o resultado de tudo só seria falado após os nove dias de coma que estive. Ninguém sabia o que poderia acontecer. Digo agora que perdi totalmente minha visão esquerda. Foi um sucesso pois no décimo dia, quando acordei do coma, estava bem: meus movimentos musculares foram testados e foram informados a todos que poderia caminhar. Agora caminho, ando de carro e faço meu trabalho como uma pessoa normal".
Uma vida bem normal mesmo. Trabalha como líder de despacho de materiais residenciais no país asiático e em 2007 casou com sua antiga namorada, japonesa. Constituiu família e vive feliz. Pretende continuar vivendo no Japão, mas afirma gostar de Bauru, sua terra natal. "É uma cidade muito bonita. Gosto muito do interior".
Uma rotina pacata e quase de um cidadão comum se ele não fosse um dos pioneiros do luge e personagem importante quando falamos de esportes de inverno aqui no Brasil.
Renato sabe da sua importância e da experiência que pode passar para os mais jovens e os fãs que gostam de acompanhar essas modalidades. Por isso mesmo ele continua acompanhando com afinco o luge e os esportes de gelo. Vasculha a internet atrás de notícias dos brasileiros em esportes olímpicos, seja de verão, seja de inverno.
Tanto que acompanhou a última temporada, que marcou o renascimento do luge no cenário brasileiro. Após seu acidente, a modalidade entrou em declínio por aqui. Assustou um pouco os potenciais praticantes e depois de 2006 a própria entidade passou a conviver com problemas financeiros.
Mas no fim de 2012 tudo mudou. Ainda antes da intervenção judicial Alexandre Cerri, campeão mundial de street luge, fez clínicas em pistas de gelo, gostou da experiência e se comprometeu a disputar o ciclo olímpico para os Jogos de 2018.
Semanas depois Leonardo Raschini Alves, que começou a competir com o sucesso de seu tio Ricardo e do próprio Renato Mizoguchi, voltou às disputas, conquistou o primeiro ponto na última temporada e tentará sacramentar a vaga olímpica agora, a partir de novembro.
"Fico feliz pela esta grande parede que foi avançada no luge, pois é um esporte muito técnico. Ele necessita muito da coragem, grande força de vontade e determinação do atleta. Não é para qualquer um. Portanto dentro do sangue do Leonardo corre o DNA do luge, pois já foi praticante anteriormente e é sobrinho de um dos pioneiros. Está de parabéns pelo ponto conquistado com muito esforço próprio. Eu sei que não foi nada fácil. Já o Alexandre é um atleta com nome muito avançado no Street Luge. Ele está entre os melhores deste esporte. Conversei com ele e também foi com sua própria força financeira que ele embarcou para fora do país e conheceu as diferenças de ambos. Disse que tem muita vontade de continuar no esporte quando houver oportunidade e estou muito feliz com as palavras dele", analisou.
Mas não foi fácil para os dois, evidentemente. Como todos sabem, a CBDG passou por crise administrativa e financeira, com intervenção judicial e novas eleições realizadas. Renato acompanhou todas essas mudanças também e se coloca à disposição para ajudar no que for.
"Como sou um ex-membro da CBDG estive acompanhando os acontecimentos. Sou a favor de mudanças para uma melhora. Gosto de discutir assuntos internos com todos e abrir mão para pessoas quem tem força e intuito de uma melhora no geral. É muito importante dar oportunidade a todos, principalmente aos jovens".
Jovens e crianças. São para eles que Renato gosta de falar. Entrevistas, redes sociais... tudo serve de plataforma para passar sua experiência e história de amor e superação olímpica.
Escreveu um livro com suas memórias (está numa editora no Japão) e queria fazer um filme com sua história e superação nos esportes de gelo e nos Jogos Olímpicos [nota do Blog: o filme já está sendo idealizado: uma produtora carioca quer elaborar um documentário sobre a história do Renato no programa Memória Olímpica. Resta apenas o projeto ser aprovado para receber a verba e iniciar as filmagens].
Também já contactou a CBDG e apresentou um projeto que, segundo o próprio Renato, esteve trabalhando desde 2006. "O objetivo final de tudo isso é mostrar a evolução do esporte do gelo em geral e tambem dar alegria, emoção e força de vontade a todas as crianças, jovens e adultos brasileiros".
É a convicção de quem passou por inúmeras dificuldades na vida e na carreira e sempre deu a volta por cima. Renato Mizoguchi é a representação perfeita dos esportes de inverno aqui no Brasil.
É através da história do Renato que o Brasil Zero Grau agradece não só a ele, mas a todos os atletas, ex-atletas e dirigentes que foram protagonistas dos posts nos últimos 365 dias e que fazem com que os esportes de inverno estejam mais vivos do que nunca neste país tropical abençoado por Deus! Obrigado!
Nesse período o blog acompanhou todos esses movimentos com praticamente uma postagem por dia, trazendo todos os detalhes - até mesmo antes dos grandes portais. Aqui criticamos, elogiamos, informamos e, principalmente, fazemos justiça trazendo histórias que geralmente são ignoradas por grande parte dos torcedores.
É praticamente um ode aos esportes de inverno e ao olimpismo. Por conta disso, para comemorar um ano, este espaço traz dois posts exclusivos, com personagens que vivem e amam esportes de inverno e Olimpíadas. O primeiro deles você confere agora.
Alegria, superação e amor
Renato em 2002 (Reprodução/Facebook) |
Mas o que sempre despertou minha curiosidade era outro herói do esporte brasileiro: Renato Mizoguchi. Dono dos melhores resultados do país no luge, um dos esportes mais perigosos do mundo, ele nasceu num distrito da cidade antes de ir morar com a avó e se mudar ainda jovem para o Japão, onde começou a andar de skate e a praticar esportes de inverno.
Além dos resultados e do pioneirismo no luge, Renato reservou mais duas brilhantes passagens na história do esporte brasileiro. Primeiro, em 2002, após os Jogos Olímpicos de Salt Lake City. Porta-bandeira do país na Cerimônia de Encerramento, ele conseguiu reencontrar a mãe através da fama obtida na competição.
"Era um objetivo da minha juventude. Desde os 13 anos de idade tinha um sonho de ser famoso e poder reencontrá-la. Imaginava que somente desta forma poderia encontrá-la o mais rápido possível, sem intervenção de ninguém. E aconteceu exatamente como eu esperava. Agora eu estou sempre em comunicação com minha mãe. Ligo de vez em quando ao Brasil para conversar e quando posso levo toda a família ao Brasil para visitá-la".
Famoso pelo que conseguiu fazer nos Jogos de Inverno. Com pouco mais de um ano de experiência no luge, Renato conseguiu a classificação olímpica a sete dias da cerimônia de abertura. "Foi uma grande emoção", admitiu.
Terminou o evento na 46ª posição, emparelhado com Ricardo Raschini, outro brasileiro na disputa. Depois disso seguiu carreira no luge. Em 2004 participou do Mundial e ficou na 37ª posição. Conseguiu participar de etapas da Copa do Mundo na temporada 2004/2005 e ficou na 50ª posição geral. E em fevereiro de 2005 garantiu a classificação para os Jogos de Inverno de Turim, com um ano de antecedência.
Mas uma semana depois desse feito o destino pregou uma peça e Renato escreveu a segunda passagem com muita superação. Na pista de Cesana sofreu um grave acidente e ficou entre a vida e morte. Acabou ali sua carreira como atleta de luge.
"Os médicos na época diziam que não saberiam informar e que o resultado de tudo só seria falado após os nove dias de coma que estive. Ninguém sabia o que poderia acontecer. Digo agora que perdi totalmente minha visão esquerda. Foi um sucesso pois no décimo dia, quando acordei do coma, estava bem: meus movimentos musculares foram testados e foram informados a todos que poderia caminhar. Agora caminho, ando de carro e faço meu trabalho como uma pessoa normal".
Uma vida bem normal mesmo. Trabalha como líder de despacho de materiais residenciais no país asiático e em 2007 casou com sua antiga namorada, japonesa. Constituiu família e vive feliz. Pretende continuar vivendo no Japão, mas afirma gostar de Bauru, sua terra natal. "É uma cidade muito bonita. Gosto muito do interior".
Uma rotina pacata e quase de um cidadão comum se ele não fosse um dos pioneiros do luge e personagem importante quando falamos de esportes de inverno aqui no Brasil.
Passando experiência
Porta-Bandeira (Reprodução) |
Tanto que acompanhou a última temporada, que marcou o renascimento do luge no cenário brasileiro. Após seu acidente, a modalidade entrou em declínio por aqui. Assustou um pouco os potenciais praticantes e depois de 2006 a própria entidade passou a conviver com problemas financeiros.
Mas no fim de 2012 tudo mudou. Ainda antes da intervenção judicial Alexandre Cerri, campeão mundial de street luge, fez clínicas em pistas de gelo, gostou da experiência e se comprometeu a disputar o ciclo olímpico para os Jogos de 2018.
Semanas depois Leonardo Raschini Alves, que começou a competir com o sucesso de seu tio Ricardo e do próprio Renato Mizoguchi, voltou às disputas, conquistou o primeiro ponto na última temporada e tentará sacramentar a vaga olímpica agora, a partir de novembro.
"Fico feliz pela esta grande parede que foi avançada no luge, pois é um esporte muito técnico. Ele necessita muito da coragem, grande força de vontade e determinação do atleta. Não é para qualquer um. Portanto dentro do sangue do Leonardo corre o DNA do luge, pois já foi praticante anteriormente e é sobrinho de um dos pioneiros. Está de parabéns pelo ponto conquistado com muito esforço próprio. Eu sei que não foi nada fácil. Já o Alexandre é um atleta com nome muito avançado no Street Luge. Ele está entre os melhores deste esporte. Conversei com ele e também foi com sua própria força financeira que ele embarcou para fora do país e conheceu as diferenças de ambos. Disse que tem muita vontade de continuar no esporte quando houver oportunidade e estou muito feliz com as palavras dele", analisou.
Mas não foi fácil para os dois, evidentemente. Como todos sabem, a CBDG passou por crise administrativa e financeira, com intervenção judicial e novas eleições realizadas. Renato acompanhou todas essas mudanças também e se coloca à disposição para ajudar no que for.
"Como sou um ex-membro da CBDG estive acompanhando os acontecimentos. Sou a favor de mudanças para uma melhora. Gosto de discutir assuntos internos com todos e abrir mão para pessoas quem tem força e intuito de uma melhora no geral. É muito importante dar oportunidade a todos, principalmente aos jovens".
Jovens e crianças. São para eles que Renato gosta de falar. Entrevistas, redes sociais... tudo serve de plataforma para passar sua experiência e história de amor e superação olímpica.
Escreveu um livro com suas memórias (está numa editora no Japão) e queria fazer um filme com sua história e superação nos esportes de gelo e nos Jogos Olímpicos [nota do Blog: o filme já está sendo idealizado: uma produtora carioca quer elaborar um documentário sobre a história do Renato no programa Memória Olímpica. Resta apenas o projeto ser aprovado para receber a verba e iniciar as filmagens].
Também já contactou a CBDG e apresentou um projeto que, segundo o próprio Renato, esteve trabalhando desde 2006. "O objetivo final de tudo isso é mostrar a evolução do esporte do gelo em geral e tambem dar alegria, emoção e força de vontade a todas as crianças, jovens e adultos brasileiros".
É a convicção de quem passou por inúmeras dificuldades na vida e na carreira e sempre deu a volta por cima. Renato Mizoguchi é a representação perfeita dos esportes de inverno aqui no Brasil.
É através da história do Renato que o Brasil Zero Grau agradece não só a ele, mas a todos os atletas, ex-atletas e dirigentes que foram protagonistas dos posts nos últimos 365 dias e que fazem com que os esportes de inverno estejam mais vivos do que nunca neste país tropical abençoado por Deus! Obrigado!
Primeiro antes de mais nada deixo aqui meus sinceros agradecimentos ao COB ( Comitê Olímpico Brasileiro )a CBDG ( Confederação Brasileira de Desportos no Gelo )-Presidente Emilio Strapasson e todos os membros por me apoiar ajudar a abrir as portas da família olímpica, sendo assim abrindo mais oportunidades para também falar um pouco sobre minha pessoa aos Brasileiros do mundo inteiro e principalmente aos importantes atletas que estão lutando com muita dedicação neste exato momento.
ResponderExcluirGustavo Araujo Longo,
Gostei da postagem parabéns pelo um ano percorrido junto ao esportes de inverno.
Eu particularmente estou muito feliz por você estar aqui lá luta juntos acompanhando as seletivas, os treinamentos, os classificações dos mundiais, de todos os membros do esporte de inverno que estão no auge neste momento muito importante que esta chegando, eu tenho muito respeito e orgulho pelo seu trabalho, Puxa ...Que felicidade ...
Muito obrigado
Renato Hiromi Gimenez Mizoguchi
Eu que agradeço a oportunidade e as palavras, Renato! Sua história é um exemplo de superação
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