Gosto amargo

Jhonatan numa de suas descidas neste sábado (Fabrice Coffrini/AFP/Getty Images)

Jhonatan Longhi queria se despedir de Sochi com um bom resultado para coroar sua participação na segunda Olimpíada que disputa. Mas aconteceu justamente o contrário. Desclassificado na segunda descida do slalom, realizada neste sábado, o brasileiro deixou no ar a possibilidade de se retirar das competições.

A prova era a especialidade dele, mas as difíceis condições da pista impediram um melhor desfecho. Logo na primeira descida, Jhonatan escorregou num dos gates, perdeu tempo e ficou parcialmente na 69ª posição, com 59seg24. Ele estava num ritmo forte, até para chegar entre os 60 primeiros.

Porém, a segunda foi ainda pior. Tentando recuperar algumas posições, os juízes entenderam que ele perdeu um dos gates e desclassificaram ele da prova. Dessa forma, não entrou na classificação final e não soma pontos FIS. O vencedor geral foi o austríaco Mario Matt, com um tempo total de 1min41seg84. Seu compatriota Marcel Hirscher ficou com a prata após se recuperar de uma péssima primeira descida. O norueguês Henri Kristoffer Sen foi o bronze. 

Inconformado com a decisão, ele endossou as críticas dos outros competidores à pista.  No Globoesporte.com chegou a falar que quem a desenhou "não entende nada de esqui". E ainda deixou no ar a possibilidade de se aposentar.

"Hoje eu não me diverti. Se não me divirto esquiando, eu acho que é melhor ir trabalhar como professor de esqui. Não sei (qual vai ser o futuro). Quando eu souber de alguma coisa, vou dizer", comentou o brasileiro na matéria (veja aqui).

Mais tarde, no Facebook, criticou novamente a sua desclassificação, agradeceu o carinho dos fãs e voltou a deixar no ar uma possível despedida. "O que importa é que demos o nosso melhor. Fechamos um belo livro que poucos têm a possibilidade de escrever e estabelecemos as bases para uma boa equipe no futuro", escreveu.

Realmente uma mensagem enigmática, mas é totalmente compreensível esse sentimento vivido por Jhonatan. Mesmo morando na Itália, a vida de atleta de esqui alpino não é nada fácil. Ele passa muito tempo competindo e treinando, com pouco tempo para a família, amigos e trabalho. 

Isso mesmo, trabalho. Aos 26 anos, o brasileiro é professor de esqui para crianças no país europeu e sabe que precisa de uma segunda carreira. Até porque nos Jogos de 2018 ele terá 30 anos e aguentar essa rotina por mais um ciclo olímpico pode ser muito estafante. Esta é aquela fase em que a pessoa precisa repensar a própria vida. Às vezes, o esquiador pode até ser mais útil para o Brasil do lado de fora das competições. 

Ninguém questiona o talento de Jhonatan Longhi. Com uma nova geração de atletas surgindo nos próximos anos, puxados por Fabio Guglielmini, Tobias Macedo, Guilherme Grahn, Nathan Alborghetti e Michel Macedo, por que não pensar nele como um treinador ou um conselheiro para os mais novos? 

Isso são apenas suposições, evidente. O importante é que Jhonny descanse e aproveite este último dia de Sochi. Qualquer decisão que ele tome não apagará a brilhante carreira que o brasileiro construiu no esqui alpino. Como disse em outros momentos, o Maestro já é uma das lendas dos esportes de inverno do Brasil.

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