Josi, Lais e Ryan: percalços e emoção (Reprodução) |
Josi Santos sabia que ia ficar na última colocação em Sochi. Dona do salto de menor dificuldade, mesmo com apresentação perfeita ela não chegaria na casa dos 60 pontos. Porém, em nenhum momento esse era o objetivo da atleta: ela tinha duas missões a cumprir na prova de esqui aerials realizada nesta sexta-feira em Rosa Khutor.
Primeiro, claro, garantir uma apresentação sem erro. Com apenas oito meses de treinamento, essa era a melhor forma de mostrar que o trabalho está sendo bem realizado e que não foi uma mera aventura vivida antes de uma Olimpíada. Depois, era homenagear da melhor forma sua colega Lais Souza, que segue se recuperando do grave acidente que sofreu.
Ela garantiu as duas coisas ao realizar seus saltos em qualquer erro, mantendo uma boa regularidade e rendendo bons pontos dos juízes. Na primeira apresentação, Josi conseguiu 49.60 pontos, ficando na 20ª posição. Na segunda, ela foi a 16ª, última colocada, com 48.17.
(A prova ainda rendeu surpresas: a bielorrussa Alla Tsuper contou com quedas adversárias, chegou à final 3 e ficou com o ouro ao marcar 98.01 pontos. A prata foi da chinesa Xu Mengtao e o bronze da australiana Lydia Lassila).
Desempenho que pode não agradar quem busca apenas resultados. Mas aqui não destacamos os números, e sim o contexto. E onde muitos viram uma atleta despreparada, enxerguei uma pessoa que conseguiu realizar seu sonho e viveu fortes emoções.
A cada salto, formava um L com as mãos, para homenagear Lais Souza. Após o segundo salto acabou caindo no choro, não conseguindo segurar a emoção de ter participado de sua primeira Olimpíada mesmo em condições tão adversas.
"Foi uma semana de muitos desafios pra mim. Cheguei a pensar que não iria competir, depois de todo esforço que fiz para estar aqui. Meu choro após a prova foi o grito de emoção que eu soltei. Agradeço aos médicos que tiveram muita atenção comigo. Todo o sacrifício para estar aqui valeu a pena. Hoje eu sou uma atleta olímpica", afirmou Josi no release da CBDN.
Ninguém sabe como ela sofreu para chegar até lá. Foram oito meses longe de casa, da família e dos amigos. Escorregou, caiu e levantou várias vezes. Sorriu com seus primeiros resultados e chorou com o acidente de Lais Souza. Ninguém merecia mais uma participação olímpica sem erros do que Josi Santos. E ela conseguiu! Que aproveite cada momento dessa experiência.
Biatlo
Além da estreante Josi, tivemos uma prova de biatlo da experiente Jaqueline Mourão. A disputa de 15 quilômetros individual foi a última da atleta na sua quinta participação olímpica. Mas a própria brasileira sabe que poderia render muito mais do que apresentou no Complexo Laura.Jaqueline terminou na 76ª posição, a antepenúltima dentre as que terminaram a prova. Ela teve o tempo de 57min22seg6 com sete tiros errados - cada tiro errado acrescente 150 metros no percurso da competidora. Ela errou três no terceiro estande e o rendimento final foi prejudicado: após muito tempo, a brasileira estourou o limite de 20% e ficou 29,5% acima da média das três primeiras colocadas.
A medalha de ouro foi a bielorrussa Darya Domracheva, com 43min19seg6 e apenas um tiro errado. A prata ficou com a suíça Selina Gasparin e o bronze foi da também bielorrussa Nadezhda Skardino.
"Hoje foi difícil no tiro, na terceira passagem errei 3, o que não é normal no tiro deitado para mim...Estou triste, pois o tempo de esqui estava bem melhor mostrando que tinha recuperado bem das outras provas...desculpe gente...hoje não atirei bem" (sic), escreveu a atleta em sua página no Facebook.
Assim é a vida: uns dias você ganha, no outro você perde. O importante é que Jaqueline é uma atleta muito experiente e sabe tirar proveito de todas as situações. Mesmo próxima dos 40 anos, ela ainda segue evoluindo no esporte brasileiro.
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