Reestreia Olímpica

Equipe durante treinamento (Reprodução/Facebook)


A maior delegação brasileira da história dos Jogos de Inverno verá seus últimos atletas estrearem neste sábado. A equipe masculina de bobsled participará das duas primeiras descidas da disputa do quarteto a partir das 13h30 no horário de Brasília. É o retorno da equipe às Olimpíadas após ficar de fora de Vancouver em 2010. 

Por conta disso, o próprio piloto Edson Bindilatti, presente nas outras duas participações olímpicas, confessa que ainda sente um friozinho na barriga com essa nova oportunidade ("Tem que ter isso. Se não tiver é porque não está preparado o suficiente") e garante que a equipe está pronta para fugir das últimas colocações. 

Conversei rapidamente nesta sexta-feira com o piloto brasileiro após os últimos treinamentos. O papo girou sobre os equipamentos brasileiros, a pista e as críticas que a equipe sofreu desde que chegou à Sochi. Veja as melhores partes:

Expectativa
Com as meninas já foi bem legal, ficamos na maior torcida. Até parecia que era a gente. Agora queremos fazer um bom trabalho. Estamos com muita vontade e fisicamente preparados. A pilotagem está melhorando com as descidas e eu venho entendendo a pista. Fisicamente e em relação a pilotagem estamos bem preparados. Mas infelizmente não está ao nosso alcance a questão do material. Temos que nos contentarmos com o que temos. Precisamos entender que todos os times já estão se preparando a quatro anos. Temos que levar o máximo de posições possíveis.

Equipamento
Ele é difícil de ganhar velocidade. É a mesma coisa que pegar um carro zero e um mais usado. Carro usado sempre tem que fazer uma regulagem para deixar um pouco bem mais alinhada. Vamos fazer o melhor possível, mas não será igual o dos outros. O trenó da Coreia do Sul, por exemplo, é da Eurotech, que tem mais qualidade. É até engraçado: eles bateram bastante na pista, mas fez tempo melhor que a gente nos treinos. Temos que nos contentar. Até porque não dá para reclamar do material que nos qualificou. Temos que ir com os pés no chão. A Austrália alugou um trenó novo, na caixa, da Letônia! São times que se prepararam para isso. Para nós cabe aproveitar esse ganho que tivemos aqui e mostrar que ninguém está passeando. Tivemos pouco tempo e o investimento não foi suficiente para obter um trenó melhor. 


Edson, primeiro à direita (Reprodução/Facebook)
Nova pintura
Nós mesmos que fizemos. Levamos o trenó para lá e todo o trabalho foi da gente. Foi um trabalhão. E muita gente ainda falou que foi vergonha. Não é. Nós só confirmamos a vaga duas semanas antes de ir para Sochi! Teve toda a logística para mandar o trenó o quanto antes e aproveitar os treinos livres para conhecer a pista. O único problema é que a gente já tinha começado o processo de envelopamento. Mas não vamos bater de frente com gente que está criticando.

Críticas
Eu fico chateado com isso, mas tento controlar o pessoal para não bater de frente e dar mais pano para manga. É fácil ficar digitando e não saber o que está acontecendo. Isso só nos motiva a trabalhar mais e mostrar que estão erradas. Ninguém sabe o que aconteceu até a gente chegar aqui. É uma falta de informação. Quem conhece a história, a preparação e o curto tempo que tivemos, a gente aceita a crítica.  Temos que aceitar as que são construtivas. Mas a pessoa tem que saber o que está acontecendo. 

Incentivo
A gente vem sentindo um retorno positivo nas redes sociais. As pessoas estão vendo a seriedade do nosso trabalho. Era isso que a gente queria passar mesmo. Esse é um trabalho a longo prazo. Não sei como estará quando chegarmos no Brasil, mas queremos passar que é um trabalho bem feito. É uma outra cara. Isso está bem claro para gente. Queremos passar pras pessoas que podemos treinar em perfeitas condições.

Pista
Essa pista é gostosa demais, mas tem que prestar muita atenção. Ela tem saídas bem longas nas curvas e pode te enganar. Um erro e a pressão te joga pra cima. Não pode vacilar. Mas não é difícil de pilotar e descer rápido. É só sair bem das curvas.

Vaquinha
Rapaz, eu vi o pessoal se mobilizando. Achei legal essa iniciativa. Até porque era minha única moto e eu preciso dela para trabalhar quando voltar ao Brasil (risos). [Nota do Blog: dois dias antes de ir para Sochi, Edson teve sua moto roubada enquanto treinava no Ibirapuera, em São Paulo. A CBDG mobilizou uma vaquinha na internet para que os fãs e parceiros da entidade possam ajudar com pequenas quantias e Bindilatti possa comprar uma nova moto para seguir trabalhando. Você pode ajudar clicando aqui].   


Jhonatan Longhi

Se teremos a estreia dos rapazes do bobsled, o sábado será a despedida de Jhonatan Longhi dos Jogos Olímpicos de Sochi. O brasileiro participará da prova de slalom especial, que começará às 9h45 no horário de Brasília. 

O atleta é o 97º a largar e espera melhorar o desempenho dele em Olimpíadas. Na última quinta, Jhonatan conseguiu completar a prova de slalom gigante numa ótima posição e afirmou que o foco da sua preparação realmente era o slalom.

Por conta disso, a expectativa é grande por mais um bom resultado do esquiador brasileiro que, apesar de morar da Itália, possui um coração bem verde e amarelo. Força, Jhonatan.

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