Marcelo e Aline durante partida contra a Escócia (WCF/Richard Gray 2014) |
O lado bom de enfrentar duas das maiores potências do curling logo de cara na primeira participação internacional é poder ter um certo descompromisso pelo resultado. A falta de treinos, de preparação e de tradição jogou todo o favoritismo para Suécia e Escócia, os rivais do Brasil nos dois primeiros jogos do Mundial de Duplas Mistas, que começou ontem em Dumfries, Escócia.
Os placares eram esperados: 13 a 1 para os suecos no primeiro jogo e 14 a 1 para os donos da casa na segunda rodada brasileira. Ninguém esperava que a dupla brasileira, composta por Marcelo Mello e Aline Gonçalves, pudesse vencer essas duas partidas. Ainda mais com tantos fatores jogando contra.
No caso do jogo de estreia, contra a Suécia, os brasileiros sentiram um nervosismo normal para quem estava pela primeira ao lado da elite do curling. Foram quatro ends com uma dificuldade maior para acertar as jogadas e o rival aproveitou: abriu 9 a 0 nos quatro primeiros ends.
No quinto end, os brasileiros inverteram as posições e conseguiram acertar mais jogadas, com destaque para um duplo take-out feito pela Aline e que resultou no único ponto brasileiro na partida. O equilíbrio seguiu no sexto e sétimo end, mas a tradição sueco, atual vice-campeã mundial, falou mais alto para fechar o placar.
O cenário se repetiu no jogo contra a Escócia, exibido pela Sportv. Os donos da casa aproveitaram a maior experiência e conseguiram abrir 10 a 0 nos quatro primeiros ends. Destaque para a jogadora Gina Aitken, a mulher com o melhor aproveitamento do Mundial até o momento. Com jogadas espetaculares, ela conseguiu tirar diversas pedras brasileiras em boas posições até para marcar pontos na partida.
Marcelo Mello (WCF/Richard Gray 2014) |
"Sabíamos que tínhamos caído no grupo mais difícil e que as nossas duas primeiras partidas eram contra as melhores duplas. Mesmo assim, estamos confiantes para o restante do campeonato. O Mundial de Duplas Mistas pode ser o início de um grande trabalho no Curling brasileiro", disse Matheus Figueiredo, superintendente técnico da CBDG no site oficial.
Apesar dos resultados, a confiança é explicada pelas ótimas estatísticas dos jogadores brasileiros. Marcelo possui um aproveitamento de 63%, sendo o 16º índice dentre os 34 competidores homens na segunda rodada. Aline conseguiu 52%, sendo a 26ª entre as mulheres. Números que impressionam se levarmos em conta a total inexperiência dos atletas no ambiente internacional.
Se repetir o desempenho desta sexta-feira contra duas duplas de elite, o Brasil pode jogar de igual para igual contra outras seleções do grupo, como a Estônia, Eslovênia, Finlândia e Letônia. Aliás, o confronto contra Eslovênia pode ser decisivo para fugir da última colocação: o país perdeu suas três partidas realizadas até aqui.
O próximo jogo será neste sábado, contra a Estônia, a partir das 7h15 no horário de Brasília. Para os atletas brasileiros fica a certeza de que a tempestade já passou. E como diz aquele velho ditado, depois dela sempre vem a bonança!
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