É bronze!

Flávio Macedo (HQ Superphoto)

Podemos dizer que há males que vêm para o bem mesmo. Flávio Macedo e Rafael Manfrinato, os brasileiros que se aventuram no luge em pista natural, estão na Europa para a Copa do Mundo da modalidade, mas as altas temperaturas do hemisfério norte adiaram as provas. Sem terem como voltarem, aceitaram o convite para participarem de uma competição austríaca. E o resultado não poderia ter sido melhor!

Flávio Macedo conquistou seu primeiro pódio desde que começou sua aventura neste esporte de gelo, na temporada passada. Ele ficou na terceira posição da etapa disputada hoje, com o tempo de 2min03seg64, atrás apenas do alemão Christian Wichan, vencedor da prova com 1min59seg97,e do búlgaro Petar Savov, prata com 2m02seg73. 

Além disso, Rafael Manfrinato, seu companheiro de aventuras, também não fez feio! Em sua primeira prova oficial na neve, o atleta chegou na quinta posição, com Antony Stoichkov, da Bulgária, na quarta posição. Nada mau para um estreante, não é mesmo? 

O fato de um brasileiro subir no pódio é tão raro que eles trouxeram o inverno para o continente europeu. Em pleno solstício de inverno no Norte, a estação apareceu com tudo, registrando - 10ºC com ventos fortes e neve caindo até as 14h! Foi graças a isso que o gelo não se deteriorou e permitiu as duas descidas dos mais de 120 competidores de todas as faixas etárias.

Imprevisto


Flávio Macedo durante competição! (HQ Superphoto)

A neve que caiu no solstício era a que deveria ter caído antes, na Itália, para a segunda etapa da Copa do Mundo de Luge em pista natural. Sem a qualidade ideal para a competição, a FIL (Federação Internacional de Luge) adiou a prova para o início de janeiro, fazendo com que os atletas mudassem seus planos e voltassem para a casa. 

Isso, porém, não era possível para Flávio e Rafael por motivos óbvios. Eles, e mais alguns outros atletas, decidiram permanecer na Áustria para treinarem. Até que certo dia receberam o convite para participarem da Copa austríaca organizada pela ISSU (International Sledge Sports Union, algo como "União Internacional dos Esportes de Trenó"). 

A diferença é que neste caso não havia apenas trenós de pista natural (conhecidos como Naturbahnrodeln), mas também os competidores de trenós esportivos (os Sportrodeln). Assim, havia praticantes de todos os níveis e até mesmo de faixas etárias, indo de crianças de cinco anos a senhores com mais de 60! (os brasileiros competiram na categoria adulta, evidentemente). 

Diferenças

Quer saber mais sobre as diferenças entre trenós de pista natural (Naturbahnrodeln) e trenós esportivos (Sportrodeln)? Confira nos tópicos abaixo:

Fabricação: os trenós de pistas naturais são fabricados com as pernas em madeira, as pontes transversas em aço e as lâminas em aço com plástico. Os esportivos, por via de regra, devem ser fabricados inteiramente em madeira e as lâminas inteiras em aço.

Altura das pontes: não há uma especificação quanto à altura para os Naturbahnrodeln, mas normalmente uma altura baixa os tornam mais eficazes. Os Sportrodeln necessariamente devem ter, no mínimo, 15 centímetros de altura devido às diferenças de terreno em que eles podem andar.

Ângulo das lâminas: na pista natural a angulação é de 45º para categorias individuais e 40º para as duplas; já nos esportivos a angulação é de 25º.

Terreno: ambos os trenós podem correr nas pistas naturais, mas somente os sportrodeln têm a característica de andarem e competirem em terrenos sem gelo e apenas com neve, mesmo estando fofa e recente.

Afiação e "grade": os dois devem ser afiados conforme as características da pista que se vai competir (se for travada com curvas muito próximas, afia-se menos para que o trenó deslize de lado; se a pista for rápida, afia-se bastante). O "grade" é, literalmente, uma rebarba feita no sentido horizontal, o que faz com que o trenó tenha um contato melhor com a pista nas curvas. Enquanto na pista natural o grade é utilizado somente na parte dianteira das lâminas, nos esportivos ele é utilizado em todo o equipamento.

Regulamentação: os Naturbahnrodeln são regulamentados pela FIL e os Sportrodeln são do ISSU. Esta última federação é recente e já embarcou dois esportes de trenós: o rollenrodeln (trenó sobre rodas) e o Hornschlliten (trenó para três pessoas). Ambas buscam incluir um esporte de pista de gelo natural em Pyeongchang-2018. A nível nacional, pode surgir um contraponto no caso brasileiro, pois a modalidade é praticada tanto no gelo quanto na neve. Ou seja, pode ser responsabilidade tanto da CBDN quanto da CBDG.
Rafael Manfrinato conquista uma excelente 5ª posição (HQ Superphoto)

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