Da rua para o gelo: a história de Gabriel Bernardes no luge

Gabriel Bernardes e seu equipamento (Reprodução/Facebook)

Nesta segunda-feira, dia 26, começou a primeira semana de treinamentos oficiais da Federação Internacional de Luge. A atividade acontece em Innsbruck, na Áustria, e reúne novos e experientes competidores da modalidade. Depois de três anos, o Brasil finalmente enviou um representante para participar destes encontros e competir na Copa do Mundo desta temporada.

Gabriel Bernardes está desde o dia 10 de outubro na Europa e participa de clínicas e treinamentos para se adaptar ao luge olímpico. "A confirmação da viagem foi bem em cima da data, então não consegui ter um preparo físico tão grande. Tentei me preparar mais na parte psicológica, pois sabia que seria uma experiência totalmente diferente", confessou ao Brasil Zero Grau. 

A missão de Gabriel, porém, é mais do que a mera adaptação ao novo esporte. Sua participação nesta temporada vai ajudar a retomar uma modalidade que já classificou dois atletas do país para os Jogos Olímpicos de Inverno (Ricardo Raschini e Renato Mizoguchi, ambos em 2002) e que sofreu com a crise administrativa da CBDG em 2012. Na ocasião, Alexandre Machado também participava dos treinamentos oficiais e Leonardo Raschini competia nos Estados Unidos, mas os dois largaram o luge meses depois. 

O atleta brasileiro já passou por Sigulda, na Letônia, e Konigssee, na Alemanha. Ele fica em Innsbruck até dia 1º de novembro e ainda vai treinar em Oberhof, Altenberg e Winterberg, todas na Alemanha. Depois, ele retorna à Innsbruck para a primeira etapa da Copa do Mundo de luge entre os dias 23 e 29 de novembro. 

Currículo, matrícula trancada e novo atleta de inverno

Até meados de 2015 a vida de Gabriel Bernardes transcorria normalmente: ele cursava a faculdade de Publicidade e competia no street luge, modalidade que conheceu após sofrer uma lesão no cotovelo que o fez trocar o downhill com longboard. Até que surgiu o convite da CBDG para representar o Brasil no luge de inverno após a entidade fechar uma parceria com a Federação Internacional da modalidade. 

"No início foi um susto! Tive que trancar a faculdade para poder viajar, mas mesmo assim fiquei muito feliz em poder representar o Brasil e tentar divulgar os esportes de inverno para todos", admite. 

Essa caminhada começou em 2013, quando iniciou suas disputas no street luge nas ruas brasileiras. Colega de Alexandre Machado, que já havia experimentado o luge olímpico, e de Flávio Macedo, que compete em pistas naturais, ele descobriu e se interessou pelo novo esporte. Enviou o currículo para a CBDG e recebeu o convite nesta temporada. 

"Antes de conhecer o luge olímpico, nunca havia imaginado competir em um esporte de inverno. Mas após ver o pessoal do street luge treinando, a vontade veio com tudo. Devido à velocidade e adrenalina, isso chamou bastante minha atenção", confirma. 

Mesmo assim, o brasileiro mantém os pés no chão. Estar acostumado com esta adrenalina ajuda, sem dúvida, mas é só parte da preparação. Os únicos pontos similares entre street luge e o luge olímpico são a velocidade e a posição do corpo no trenó. Já a condução e distribuição do peso são bem diferentes, "fora que a Força G da curva é absurdamente maior e o estômago vai lá na boca", brinca. 

Por isso mesmo, este período de treinamentos na Europa será vital para as pretensões de Gabriel Bernardes na busca por uma vaga olímpica em Pyeongchang-2018. "Quero absorver o máximo de conhecimento dos meus treinadores e dos outros atletas para dar o meu melhor na pista. Sei que vai ser bem difícil a participação na Copa, pois os atletas que competem fazem isso desde criança. Mas justamente por isso terei eles como exemplo e tentarei dar o máximo para acompanhá-los", conclui.

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