Brasileiro encara provas de 45km e 90km no esqui cross-country

Roberto Caldas foi o único brasileiro nos 90km do Vasaloppet (Reprodução)

Já imaginou esquiar 135 quilômetros em um período de cinco dias com sensação térmica abaixo de zero e sem ter tanta experiência na neve? Parece impossível, não? Mas foi esse o desafio que o brasileiro Roberto Lopes Caldas encarou nesta última semana na Suécia. Ele esteve presente nas provas do HalvVasan (45km) e na tradicional Vasaloppet, que reúne milhares de competidores para uma corrida de incríveis 90km!

"Apaixonado pelo esqui cross-country", como ele mesmo se definiu ao Brasil Zero Grau, o objetivo deste morador de Criciúma, em Santa Catarina, vai além do âmbito esportivo. Ele reuniu seis patrocinadores em julho de 2015 para um projeto social inovador: o Iceman. 

Ao invés de financiar sua aventura, o que é comum no meio, o dinheiro arrecadado das empresas é totalmente voltado para a compra de mantimentos para entidades beneficentes da região! Até fevereiro de 2016, antes de embarcar para a Suécia, ele já tinha conseguido 2,5 toneladas! 

Empurrado por esta generosidade, Roberto Caldas conseguiu atingir seus objetivos. No dia 1º de março, nos 45km do HalvVasan, ele completou o percurso em 4h12min17seg - o vencedor foi o sueco Jens Ericksson, da categoria sub-21, que conseguiu realizar a prova em incríveis 1h58min52seg. 

Cinco dias depois, ainda com dores pelo corpo, o brasileiro encarou a temida Vasaloppet ao lado de outros 15800 competidores de diversas nacionalidades. Já aclimatado na Escandinávia, ele não fez feio: ficou na 13459º colocação, com o tempo de 11h56min06seg. Isso mesmo! Ele largou ao amanhecer e terminou a prova já à noite! O vencedor foi John Kristian Dahl, da Noruega, que completou o percurso em 4h08min00seg. 

"Foi emocionante ouvir meu nome num país distante, logo após terminar esta que foi, com certeza, a prova mais dura que já realizei. Se a mente não comandasse com firmeza o corpo, eu teria desistido já no km 29 quando, ao parar no posto de alimentação, cansado, demorei demais e o frio começou a pegar (não se pode ficar parado muito tempo, senão o suor gela sob as roupas). Largada às 8h. Chegada perto das 20h. Um longo dia, mas valeu cada quilômetro", escreveu Roberto Caldas em seu blog - aliás, recomendo a leitura para saber mais detalhes desta iniciativa.

Atleta amador, que compete por acreditar no esporte e em sua função social, Roberto mostrou do que os sonhos são capazes. Realizou treinamentos no rollerski no asfalto catarinense ao longo do ano passado e, antes dessas verdadeiras provas de resistência, só havia competido na neve uma vez, no Ushuaia Loppet de 2015, na Argentina. 

Agora, Roberto Caldas se prepara para a última etapa do Projeto Iceman. Não, ele não vai competir mais em uma corrida cansativa no esqui cross-country (pelo menos nesta temporada). No dia 14 de março ele vai realizar a última doação de mantimentos que a iniciativa conseguiu arrecadar. O esporte, como se vê, segue mudando vidas. 

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