Diário de PyeongChang #11 - Isabel Clark despede-se dos Jogos Olímpicos

Isabel Clark sofreu uma queda no último treino e não largou no snowboardcross em PyeongChang (Christian Dawes/COB)


Os torcedores brasileiros já sabem: Isabel Clark voltou a sentir dores no joelho e calcanhar após cair no último treino oficial e não participará dos Jogos Olímpicos de PyeongChang. Dona do melhor resultado do país na história olímpica dos esportes de inverno (nona colocada em 2006), melhor rider latino-americana e presente na elite da Copa do Mundo de Snowboardcross há mais de 15 temporadas, a brasileira encerra, assim, sua carreira olímpica. 

Isabel Clark sofreu uma queda devido aos fortes ventos na região da largada no Phoenix Park na última descida do treino oficial, realizado na quarta-feira, dia 14. Uma avaliação não constatou fratura, mas a brasileira passou a reclamar de dores no joelho e no calcanhar direitos. Ela também se recuperava de um acidente feio sofrido durante uma etapa da Copa do Mundo em dezembro. 

"Melhorei um pouco de ontem para hoje, mas o calcanhar ainda dói bastante. Infelizmente não vou ter tempo para me recuperar. Estou triste porque lutei muito para disputar esses Jogos durante os dois últimos meses. Mas tenho que preservar minha integridade física e buscar me recuperar completamente", comentou Isabel. 

Essa não era a despedida que Isabel Clark merecia. A atleta da CBDN já havia comunicado em outras oportunidades que seria sua última participação em Jogos Olímpicos, apesar de ainda planejar competir em algumas provas do circuito internacional nos próximos anos. Essa seria sua quarta participação olímpica - além de 2006, ela competiu em 2010 (Vancouver) e 2014 (Sochi). 

"O snowboard é minha vida e me deu muita coisa, mas a preparação para os Jogos Olímpicos é muito dura. Estou feliz e tranquila com a decisão de parar agora", afirmou. 

Não fosse pelas lesões, a brasileira chegaria à PyeongChang para ficar mais uma vez no Top 15 olímpico, repetindo o resultado de quatro anos atrás. Aos 41 anos, a atleta se manteve entre as 20 melhores do ranking da Copa do Mundo de Snowboardcross ao longo de todo o ciclo olímpico, mesmo competindo com atletas bem mais jovens (até 20 anos mais novas!) e de países bem mais tradicionais na modalidade. 

Isabel Clark foi ver neve pela primeira vez na vida apenas aos 18 anos, quando visitou o irmão que morava nos Estados Unidos e trabalhava em um resort de esqui. Logo se apaixonou pelo snowboard e começou a praticá-lo. Em 1995, aos 19 anos, conquistou o título da primeira edição do Campeonato Brasileiro de Snowboard - feito que repetiria em 21 das 22 edições posteriores. Em uma oportunidade, em janeiro de 2014, conseguiu chegar à final de uma etapa da Copa do Mundo. 

Ela também é a única atleta do continente a ficar em um Top 10 de uma disputa individual na história dos Jogos Olímpicos de Inverno. Somente o Bobsled argentino em 1928 (quando ficou na quarta e quinta posições) e em 1952 (oitavo) ficou entre os dez melhores na disputa olímpica. 

Sem a despedida que a atleta merecia, resta agora planejar o futuro sem Isabel Clark. A CBDN sabe q que a missão não será nada fácil. Nenhum outro atleta brasileiro conseguiu dar prosseguimento à carreira internacional no Snowboard. Atualmente, além de Isabel, apenas Luma Maio, 16 anos, segue como atleta ativa do esporte no registro da FIS. 

Quanto à Isabel, o momento agora é se recuperar fisicamente e fazer aquilo que ela mais gosta: descer montanhas de neve em uma prancha de Snowboard. Dessa vez, sem a pressão incessante pelo resultado e pela classificação olímpica. 

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