Diário de PyeongChang #23 - Isadora Williams faz história na Patinação

Isadora Williams conseguiu uma façanha nesta quarta-feira em PyeongChang

Disse isso em 2013, 2014, 2017 e repito novamente agora em 2018: a brasileira Isadora Williams fez história no esporte brasileiro. Primeira sul-americana a competir na patinação artística em uma edição dos Jogos Olímpicos de Inverno, ela também se tornou hoje na primeira atleta do continente a avançar ao programa longo feminino. O feito foi obtido na manhã desta quarta-feira, 21 de fevereiro (horário local), em PyeongChang. 

A atleta do Brasil precisava terminar entre as 24 melhores para garantir sua participação no segundo dia de disputa. Fez muito mais do que isso. Com um programa limpo, sem erros e muito bem executado, Isadora obteve 55.74 pontos e terminou na incrível 17ª colocação dentre as 30 competidoras. A russa Alina Zagitova, 15 anos, foi a melhor do primeiro dia com 82.92 pontos - novo recorde mundial. 

Mais do que a classificação ao segundo dia, Isadora Williams conseguiu fazer a melhor apresentação de sua vida em PyeongChang. A nota do programa curto e a pontuação dos elementos técnicos foram as melhores de sua carreira - e ela ainda segue aperfeiçoando a combinação triplo-triplo. A brasileira ainda ficou à frente da quinta, sétima e oitava colocadas do último Campeonato Europeu de Patinação Artística, realizado em janeiro de 2018. 

"Carreguei uma bagagem pesada por três anos após Sochi. Agora não tenho mais e estou mais leve. O meu objetivo de Sochi eu fiz aqui e agora tenho uma memória melhor sobre Jogos Olímpicos. Hoje foi o meu sonho", comentou a brasileira. 

O período de incerteza pós-Sochi, quando terminou na 30ª e última posição dos Jogos Olímpicos, deu lugar a uma jovem decidida, madura e que sabe muito bem o que quer e o que precisa fazer para atingir seus objetivos. A confiança aumentou na mesma proporção de suas notas e Isadora cresceu como pessoa e como patinadora. 

Na Volvo Open Cup de 2014, sua primeira competição após os Jogos Olímpicos de Sochi, a brasileira obteve 45.55 pontos no programa curto e 124.03 no total. Em apenas três anos, ela conseguiu um crescimento de dez pontos em sua nota do primeiro e de praticamente 30 pontos na pontuação final. 

Parte deste sucesso pode ser explicado pela própria determinação da jovem, que abandonou sua zona de conforto, saiu da casa dos pais, foi treinar em Little Falls, Nova Jersey, e conseguiu entrar para a Universidade Mont Clair, sede do rink de patinação Floyd Hall Arena, seu local de treinamento. Outra parte pode ser atribuída aos treinadores Igor Lukanin e Kristen Fraser-Lukanin, responsáveis pelo treinamento da Isadora Williams desde 2016. 

Além da técnica, ambos passaram a trabalhar a força mental da jovem atleta. Como resultado, a brasileira passou a reagir muito bem sob pressão, executando sempre as melhores apresentações de sua carreira em momentos decisivos. Foi assim no Mundial de 2017 e na última edição do Troféu Nebelhorn, que lhe garantiu a vaga olímpica em PyeongChang. 

Mesmo com o objetivo principal já cumprido, Isadora Williams descarta fazer qualquer prognóstico sobre o segundo dia. Ela apenas deseja fazer "um programa longo mais forte do que o curto", apesar de não falar em resultados. "Meu objetivo é fazer um programa longo limpo. Eu não tenho controle no que os outros fazem. Só controlo aquilo que eu posso fazer e quero executar um programa limpo com todos os elementos perfeitos", concluiu.

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