Diário de PyeongChang #1 - Jogos começam 'quente' nos bastidores

Thomas Bach durante coletiva de imprensa em PyeongChang (Greg Martin/IOC)

As primeiras provas oficiais dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018 começaram em PyeongChang nesta quinta-feira, 8 de fevereiro (horário local), mas poucos prestaram atenção no Esqui Saltos e na estreia das Duplas Mistas de Curling. Com um dia para a Cerimônia de Abertura, o POCOG (Comitê Organizador dos Jogos) e o COI (Comitê Olímpico Internacional) precisam lidar com problemas que têm gerado dor de cabeça a seus diretores.

O principal deles ainda remete à acusação de escândalo de doping da Rússia nos Jogos de Sochi, em 2017. Em dezembro de 2017, o Comitê Olímpico confirmou que apenas atletas que passassem em "rigorosos testes internos" poderiam competir em PyeongChang. Isso causou revolta entre os esportistas russos e, apenas nos últimos três dias, 51 deles recorreram ao CAS (Corte Arbitral do Esporte) para disputarem suas provas na Coreia do Sul. 

Dessa forma, o jogo de abertura do Curling de Duplas Mistas entre os norte-americanos Matt e Becca Hamilton e os russos Anastasia Bryzgalova e Alexander Krushelnitskiy ficou em segundo plano. Na zona mista, jornalistas se espremiam para tentar ouvir os dois atletas que competiram sob o logo OAR (Atletas Olímpicos da Rússia). Contudo, nenhum deles resolveu atender a imprensa após estrearem com derrota de 9 a 3. 

Assim, não bastasse o problema jurídico às vésperas da Cerimônia de Abertura, o COI precisa lidar com arranhão em sua imagem já tão combalida e está em rota de colisão com o CAS, incluindo trocas de acusações entre as duas entidades. O tribunal prometeu divulgar um resultado nesta sexta-feira, 9 de fevereiro, às 11h aqui em PyeongChang (meia-noite no Brasil). 

Paralelo à isso, o POCOG precisa lidar com questões que envolvem a participação da Coreia do Norte nos Jogos de PyeongChang. Kim Yo-jong, irmã influente de Kim Jong-un, líder norte-coreano, está em Seul para uma série de reuniões e se tornou na primeira pessoa da dinastia Kim a pisar em solo sul-coreano desde o fim da guerra em 1953. 

Sua presença recebeu o foco da atenção das emissoras de TV sul-coreanas - assim como protestos por sua estadia no país. Enquanto pessoas manifestavam alegria pela abertura de diálogo, grupos de sul-coreanos com bandeiras do seu país e dos Estados Unidos questionavam a inclusão da Coreia do Norte nos Jogos Olímpicos. Para esquentar ainda mais o diálogo, Kim Jong-un fez um desfile militar nesta quinta-feira e ainda ameaçou tirar seus atletas dos Jogos se o chefe da delegação norte-americana continuar falando em sanções econômicas pesadas. 

Por fim, o POCOG ainda está tentando controlar um surto de norovirus nas imediações dos Jogos Olímpicos. Até o momento, a organização já confirmou 148 casos apenas entre 1º e 8 de fevereiro, a maioria deles (97) no Horeb Youth Center. A maioria dos infectados é do corpo de funcionários da segurança e a organização ainda busca mapear como esse vírus, que causa gastroenterite e pode ocasionar diarreias, dores de cabeça, etc. 

No meio disso tudo, os Jogos Olímpicos de PyeongChang encontraram tempo - e atenção - para suas primeiras disputas. Nas Duplas Mistas de Curling, as oito equipes já fizeram duas das sete disponíveis na primeira fase. Destaque para Suíça, atual campeã mundial e que é a única seleção que venceu seus dois jogos. Além disso, também aconteceu a classificatória do Esqui Saltos Normal Hill masculino. O evento, porém, não teve zebra e classificou os 50 melhores da temporada (os resultados completos estão aqui). 

A expectativa é que, durante a Cerimônia de Abertura, principalmente quando as duas Coreias desfilarem juntas e a Rússia já tiver passado sob a sigla OAR, as competições possam ter a devida atenção que merecem e os Jogos Olímpicos sejam, de fato, um evento de congraçamento, respeito e amizade de todos os povos. 

Martin Rios comandou a Suíça nas duas vitórias até agora nas Duplas Mistas (Richard Gray/WCF)

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