Alina Zagitova nos Jogos Olímpicos de 2018: nova proposta quer limitar idade na patinação (Reprodução) |
Quem acompanhou os Jogos Olímpicos de PyeongChang certamente testemunhou a medalha de ouro da russa Alina Zagitova, 15 anos, na patinação artística no gelo. Entretanto, essa pode ter sido a última vez que adolescentes conquistam títulos na elite do esporte. A ISU vai votar uma proposta para aumentar a idade limite na categoria senior.
A ideia é elevar de 15 para 17 anos a participação de atletas em todas as competições internacionais de patinação artística no gelo, inclusive o Mundial e os Jogos Olímpicos, a partir da temporada 2020-2021. O projeto partiu da Holanda e será avaliado no Congresso da ISU em Sevilha, na Espanha, entre 4 e 8 de junho.
O argumento aponta cinco razões: 1) mostrar atletas mais "experientes" no Mundial e Jogos Olímpicos; 2) melhorar a imagem do esporte com "ídolos" que competem por mais tempo; 3) evitar a aposentadoria precoce de atletas senior que são ameaçados com jovens atletas que executam todos os saltos complexos; 4) deixar de ser o esporte de inverno com o limite de idade mais baixo; 5) igualar a exigência com um esporte similar à patinação, no caso a ginástica.
Caso a proposta seja aceita, os atletas de nível senior terão que ter 17 anos antes de 1º de julho, data que marca o início da temporada. Caso contrário, eles precisarão esperar mais uma temporada para competirem na elite.
A discussão do limite de idade na patinação artística é constante na ISU. Até 1996, acredite se quiser, atletas maiores de 12 anos poderiam participar da categoria senior. Naquele ano, a entidade mudou para 15 no Mundial, Europeu, Four Continents e Jogos Olímpicos, e 14 para as demais competições internacionais.
Porém, essa situação causou algumas situações constrangedoras. Na temporada 2005-2006, por exemplo, a jovem japonesa Mao Asada conquistou o Grand Prix Final, mas não pôde participar dos Jogos Olímpicos de Turim (onde seria uma das favoritas). Já no Mundial de 2008, os Estados Unidos precisaram participar com a quinta e a sétima colocadas em seu Campeonato Nacional porque as demais não tinham a idade exigida.
Nos últimos anos, o debate aumentou na mesma medida em que competidores cada vez mais jovens começaram a executar saltos mais complexos. Os quádruplos já são uma realidade entre os homens e é uma barreira que começa a ser quebrada no feminino - Alexandra Trusova, de apenas 13 anos, fez dois saltos deste tipo na final do Mundial Júnior.
Mas qual o impacto dessa rotina de treinamentos no corpo humano de adolescentes de 11, 12 ou 13 anos?
Pesquisas científicas se debruçam sobre este tema. Muitos especialistas condicionam as lesões e a aposentadoria precoce de atletas a problemas de desenvolvimento do corpo humano por conta do excesso de treinos antes da puberdade. A Rússia é um caso emblemático. Adelina Sotnikova foi campeã olímpica em 2014, aos 17 anos, mas sequer competiu nas últimas duas temporadas. Já Yulia Lipnitskaya também foi campeã olímpica em Sochi aos 15, mas abandonou a carreira três anos depois.
Mesmo assim, não há conclusões definitivas. Enquanto isso, a ISU segue andando em corda bamba, sem decidir se estimula a precocidade de seus atletas ou se impõe um limite para que eles possam desenvolver seus corpos antes de lutarem por medalhas de ouro na patinação artística.
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