COI suspende repasse financeiro à IBU após escândalo político

Fourcade e Boe, líderes e destaques da temporada passada (Divulgação)

Quase dois meses após estourar o escândalo de corrupção e doping na IBU, o Comitê Olímpico Internacional finalmente tomou uma decisão - e que mexe no bolso da entidade responsável pelo Biatlo nos Jogos de Inverno. O COI decidiu suspender todos os pagamentos previstos até que uma série de medidas de governança e transparência seja tomada.

O anúncio foi feito na última terça-feira, 12 de junho, após encontro da Diretoria Executiva do Comitê - a decisão foi unânime. A suspensão está atrelada à eleição de um novo presidente da União Internacional de Biatlo, que deve acontecer entre 5 e 10 de setembro para "proporcionar uma estrutura estável de governança e liderança à instituição".

A IBU enfrenta uma grave crise administrativa desde que policiais austríacos entraram na sede da entidade em Salzburgo para analisar crimes de corrupção e fraude (veja abaixo). "A IBU considera um incentivo para implementar as etapas de reforma de governança já acordadas em suas reuniões executivas", escreveu a IBU em nota.

O COI também deixou claro que está satisfeito com os três relatórios já recebidos até o momento: a revisão do Comitê de Éticas da IBU e a atualização do Código de Ética, a auditoria da iNADO (Instituto das Organizações Nacionais Antidoping), inclusive com filiação à ITA (Agência Internacional de Testes), e o sumário detalhado do Grupo de Trabalho independente da IBU. Os documentos, porém, terão que ser mostrados novamente no fim de setembro.

Ficar sem receber repasses por três meses é uma suspensão dura, mas não está entre as mais traumáticas impostas pelo Comitê Internacional. Após a eleição de um novo presidente em setembro - e antes de iniciar a temporada 2018/2019, em novembro -, a entidade deve voltar a receber os valores e pode tocar seu planejamento.

Entenda o caso

Em abril, uma investigação conjunta entre Áustria, Alemanha e a Noruega deflagrou um grande esquema de corrupção e fraude que envolvia o alto escalão da IBU (União Internacional de Biatlo). O então presidente Anders Besseberg e a secretária-geral Nicole Resch foram acusados de ocultarem casos de doping que envolviam atletas russos em troca de uma quantia financeira. 

Ambos foram afastados e, depois, renunciaram a seus cargos, mas a investigação segue em andamento. Os promotores acusam os dois dirigentes da entidade de receberem US$ 300 mil em subornos entre 2012 e 2017 para acobertarem escândalos de doping. Besseberg também ocupava um cargo na Comissão da WADA (Agência Mundial Antidoping).

A IBU também foi duramente criticada por sua postura mais "mole" com os atletas russos após a revelação do escândalo de doping nos Jogos Olímpicos de Sochi. A instituição manteve a última etapa da temporada passada na Rússia, o que revoltou atletas canadenses, norte-americanos e tchecos e os fizeram boicotar o evento. Após a renúncia, o austríaco Klaus Leitner comanda a instituição de forma interina até a eleição, em setembro. 

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