Corrida para sediar os Jogos de 2026 já tem uma desistência

Thomas Bach durante evento no COI (IOC/Greg Martin)

O "estágio do diálogo" nem bem começou e o COI (Comitê Olímpico Internacional) já teve que encarar uma desistência na disputa para a sede dos Jogos de Inverno de 2026 - e de uma cidade que tinha tudo para ser uma das favoritas. A população de Sion vetou a candidatura da cidade suíça em plebiscito nesse domingo, 10 de junho. 

Na verdade, o que esteve em votação foi o apoio de 100 milhões de francos suíços (R$ 374 milhões)  ao projeto de candidatura da cidade. No total, quase 54% dos habitantes do Cantão de Valais recusaram o aporte. Em Sion, especificamente, o índice foi ainda maior, com 61% dos votos contrários. 

"É o fim do nosso projeto", lamentou Phillipe Varone, prefeito de Sion. 

Sem o dinheiro, o projeto suíço sabe que não conseguiria decolar e, dessa forma, já se retirou do processo de candidatura dos Jogos Olímpicos de 2026. Foi a primeira desistência formal após a abertura do "estágio do diálogo", novo método de avaliação do COI e que listou sete interessadas no dia 30 de março. 

A decisão surpreende porque Sion foi a primeira cidade a admitir publicamente o interesse em sediar a edição olímpica de 2026 - tanto que lançou a candidatura ainda em maio de 2017 e, na ocasião, contava com o apoio de dois terços da população local. Em um ano o município suíço passou da empolgação para a resignação e frustração. 

Dessa forma, ainda restam seis candidatas à sede de 2026: Estocolmo (Suécia), Erzurum (Turquia), Sapporo (Japão), Calgary (Canadá), Graz/Schladming (Áustria) e Turim/Milão/Cortina D'Ampezzo (Itália). Contudo, mais desistências são cogitadas até o fim do "estágio do diálogo", em dezembro deste ano (confira abaixo). 

Para o COI, é um golpe difícil de assimilar. Afinal, é da Suíça que o movimento olímpico se constituiu e se dissemina em todo o mundo, sendo sede não só da entidade, mas de outras instituições esportivas internacionais. A recusa do povo suíço mostra que nem mesmo os habitantes mais próximos conseguem enxergar benefícios na proposta de sediar uma edição olímpica. 

Candidaturas seguem sob desconfiança

O maior temor, agora, é que a primeira desistência puxe a fila das demais candidatas que demonstraram interesse em receber os Jogos Olímpicos de 2026. Até o momento, nenhuma das seis sobreviventes mostrou um projeto consolidado e livre de dúvidas para o público - cenário propício para novos abandonos. 

Sapporo, no Japão, que também despontava favorita (apesar da grande concentração de edições na Ásia nos últimos anos), já estuda sair da corrida pela sede em 2026 para retornar em 2030 com um projeto mais consolidado e estruturado - o país, por exemplo, não tinha definido uma alternativa para a disputa do bobsled, skeleton e luge (a antiga pista da região foi demolida). 

Apesar da promessa de investimentos na cidade por parte do governo canadense até 2026, Calgary sabe que irá encarar uma reunião do Conselho ainda neste mês de julho e também passará por um plebiscito em novembro, provavelmente. para saber a opinião da população. Uma derrota em qualquer uma dessas duas fases representa o fim do projeto do Canadá.

Na Áustria, o Partido Comunista está muito próximo de conseguir marcar um plebiscito para ver a opinião da população e tentar enterrar a candidatura conjunta de Graz e Schladming. Na Suécia e na Itália, as situações são as mesmas: sem dinheiro, os governos locais aguardam apoio de verbas federais para continuarem com os projetos. 

Curiosamente, a única cidade que segue inteira na disputa é Erzurum, na Turquia. O próprio presidente do país, Recep Erdogăn, já comentou para fazer o "impossível" e trazer os Jogos Olímpicos para Turquia. Se caminhar nessa situação, o COI corre o risco de ter apenas uma cidade interessada em sediar este grande evento. 

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