Maya momentos antes da prova (Alexander Hassenstein/Getty Images) |
Maya Harrisson é mais do que uma atleta. Nascida no Brasil, adotada e levada para a Europa, logo descobriu no esqui alpino mais do que uma opção de lazer. Encontrou a chance de fazer história e conseguir se aproximar novamente do seu país natal.
Tudo aconteceu tão cedo. Logo no primeiro ano em competições adultas conseguiu pulverizar os recordes brasileiros que pertenciam a Mirella Arnhold. Baixou da casa dos 100 pontos FIS, uma barreira que parecia interminável, e jogou lá para os 40 pontos (lembrando que no esqui quanto menos pontos tiver, melhor).
Com apenas 17 anos competiu em Vancouver, fez um bom papel no slalom com o melhor desempenho feminino do Brasil no esqui alpino e ficou a sensação de que ela poderia melhorar ainda mais no futuro.
Mas aí começou o teste de paciência e maturidade de Maya Harrisson.
Em 2011, ensaiou até um adeus do esqui alpino diante da falta de perspectiva e por ter que conciliar estudos com a vida de atleta. No mesmo ano sofreu a primeira lesão grave de uma série que ela iria enfrentar pelos DOIS anos seguintes. Voltou a competir apenas na atual temporada e ainda viu Chiara Marano, sua amiga, viver uma melhor fase e confirmar o índice olímpico.
Precisou remar tudo de novo. As marcas que poderiam chegar na casa dos 20, 30 pontos em provas mais fáceis, teimam em ficar abaixo dos 50 agora. Ela perdeu tempo, mas não a força de vontade. Engatou uma série de provas sem dores e com bons resultados para os padrões brasileiros. Disputou ponto a ponto com Chiara a única vaga da equipe feminina. Em dezembro ela venceu a disputa. Foi a eleita pela CBDN para tentar um bom resultado em Sochi.
O objetivo, claro, não eram as medalhas, mas sim uma posição que refletiria o atual estágio da modalidade no país. Uma nova geração já surge cada vez mais forte e é preciso mostrar ao mundo que nossos atletas estão evoluindo sim.
(Ezra Shaw/Getty Images) |
Na segunda, que definiria as posições, conseguiu melhorar e chegou na 54ª dentre as 67 que terminaram as duas descidas. O tempo final foi de 3min01seg86 e 141.78 pontos FIS, a melhor marca do país no slalom gigante em Jogos Olímpicos.
A prova foi vencida pela eslovena Tina Maze com 2min36seg87. A prata ficou com a austríaca Anna Fenninger, que fez 2min36seg84 e o bronze foi para a alemã Viktoria Rebensburg com 2min37seg14.
"Meus objetivos aqui em Sochi era melhorar os resultados de Vancouver e eu já consegui na primeira prova. Estou feliz. Nessas condições não era possível mostrar muita coisa. Mas são os Jogos Olímpicos, então estou satisfeita", comentou a atleta no release da CBDN.
Na sexta-feira ela disputará a prova de slalom e encerrará sua segunda participação olímpica. Maya segue confiante de que pode melhorar seu desempenho de Vancouver e mostrar que é, sim, uma das maiores esquiadoras do Brasil de todos os tempos. Quem sabe não teremos a primeira prova de esqui alpino do Brasil abaixo de cem pontos FIS?
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