Marcelo e Aline, os representantes brasileiros (Divulgação) |
Amanhã começa oficialmente o Mundial de Curling de Duplas Mistas. Não teremos partidas - apenas recepção de boas-vindas, reuniões e encontros para aliviar a tensão. Mas faz parte da programação oficial do evento e, para nós aqui deste lado do Atlântico e no Cone Sul, é a certeza de que a história começa a ser escrita. Pela primeira vez na história do curling, uma seleção brasileira participará de torneio internacional da modalidade. O primeiro jogo da seleção será na sexta-feira.
Os responsáveis por este feito são Marcelo Mello, capitão e diretor da CBDG, e Aline Gonçalves, paulista que mora no Canadá e descobriu o curling alguns anos atrás. A história deles você pode conferir aqui e aqui. O país recebeu convite em cima da hora após desistência da Bulgária e tem a chance de desenvolver um dos esportes mais populares nos últimos dois Jogos de Inverno.
A presença brasileira num evento como esse não é representativo apenas para o país. Faz parte do próprio interesse da Federação Mundial de Curling para ampliar o lobby ao Comitê Olímpico Internacional e tentar incluir a categoria nos próximos Jogos de Inverno, em 2018. A entidade até já enviou uma nota solicitando a inclusão. Agora é aguardar os trâmites burocráticos. Caso entre nos Jogos, o Brasil já sai na frente por uma inusitada vaga olímpica.
Atendendo a pedidos do Brasil Zero Grau, do Surto Olímpico e da própria CBDG, as meninas do Blog Curling Brasil escreveram um artigo bacana para explicar melhor sobre a categoria de duplas mistas (que possui regras diferentes da modalidade tradicional) e para falar as vantagens e motivos para você acessar a Internet e torcer pela seleção brasileira! Confira!
Curling de duplas mistas: que modalidade é essa?
Olá! Primeiro de tudo é um prazer estar aqui a convite da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo e com o nosso primeiro texto sobre o Curling, modalidade duplas mistas - a primeira modalidade que o Brasil irá participar como representante em um campeonato mundial!
Ok, é sabido que o Brasil é filiado da World Curling Federation desde 1998 e que já tentou vaga duas vezes em American Challenger's, mas de fato é um marco no avanço do curling do país termos algum representante, embora o país não invista muito em modalidades esportivas em geral. Por esta razão, nossa colaboração vem de encontro a este objetivo: fazer que o curling possa enfim aportar em "terras brasucas". Espero que gostem do artigo!
A modalidade
O curling surgiu no século 15, na Escócia, e a partir daí o esporte foi evoluindo e criando novas formas de jogo a fim de ganhar popularidade. Uma destas modalidades é o curling de duplas mistas, realizando seu mundial pela primeira vez no ano de 2008 em Vierumäki, Finlândia. O formato surgiu na competição da Copa Continental, semelhante à Ryder Cup (Golfe), em 2002. Em 2007, a modalidade sofreu modificações e aplicaou as novas regras no primeiro mundial.
Regras diferentes do tradicional
- Duas pedras, uma no centro da casa (de quem não está com o martelo) e uma fora da casa, em linha reta (de quem tem o martelo, para não sair em desvantagem). A exemplo da Zona de guarda livre, nenhuma das duas pode ser removida antes da quarta jogada. [Atualizando: pesquisando mais a fundo com atletas de Curling, na verdade até a quarta pedra não pode haver remoção].
- Número de pedras lançadas: cinco (duas arremessadas por um jogador, a primeira e quinta, e três arremessadas por outro - a segunda, terceira e quarta). Podem revezar na dupla: a intenção é que os dois sejam os capitães ou ainda possam mudar a estratégia conforme o gelo ou o jogo. No total são seis pedras em jogo.
- Os jogadores podem varrer a pedra durante seu lançamento, exigindo mais habilidade e esforço.
- Ao invés do jogo ter 73 minutos, o tempo é reduzido para 46 minutos. O número de ends é reduzido para oito.
- De resto, tudo igual (há a regra do adversário não varrer antes da tee-line, o sistema de pontuação é o mesmo). Mas é um jogo diferente, que se apresenta mais estratégico do que o tradicional.
Razões para gostar da modalidade
- Muitos que não se classificam para os mundiais ou ainda não jogam os tours aparecem na modalidade
- Mais países participando
- Requer mais do jogador, porém o equipamento mínimo diminui consideravelmente
- Pode virar modalidade olímpica
- E você vai querer montar um time pra jogar em parceria – muitos são namorados ou casados, ou até mesmo pais, filhos ou amigos.
Desvantagens
- Pode se tornar um pouco cansativo
Pela variabilidade de países, algumas duplas são desconhecidas do grande público
Não há muitas jogadas de takeout e a "casa costuma ficar congestionada" - Não tem uma competição "regular" (somente dentro dos países há algumas competições, principalmente no Canadá [Atualizando 2: o Canadá possui competições no passado recente. É em alguns países europeus que a modalidade é mais difundida])
- Por ser uma modalidade nova, não está no cotidiano dos fãs, embora há um grande incentivo (houve um ano que a competição foi separada da competição sênior)
Por que o Brasil deve investir na modalidade?
Querendo ou não, para competir em torneios masculinos e femininos o Brasil necessita passar uma das seleções americanas (Canadá ou EUA) para ficar com uma das vagas da Região.
Como a disponibilidade de equipamentos e recursos está nos países de inverno e há jogadores morando nesses países, a tendência é que se concentre as estruturas iniciais no exterior
até que se efetive uma estrutura brasileira (uma vez que é possível por ser um esporte indoor). Mas há casos como o do Eisstock que um grupo de brasileiros se juntou e fez acontecer, mesmo treinando no asfalto.
São casos e casos, e é uma grande oportunidade do país se inserir na comunidade do curling. Mas os esforços estão aparecendo, com a criação de um Clube Brasileiro em terras canadenses (mais precisamente em Vancouver) e algumas ações envolvendo entidades representantes do esporte. Então nos resta torcer para um ótimo resultado!
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