Brasil quer colocar amadurecimento à prova no Pan Continental de Curling

Equipe masculina do Brasil no Pan Continental de Curling
Equipe masculina do Brasil que disputará o Pan Continental de Curling em 2022 (Divulgação)

Se antes era visto mais como curiosidade do que como esporte, o Curling brasileiro conseguiu evoluir lentamente ao longo da última década. O país disputa os principais torneios e há uma base de jogadores para formar uma seleção nacional. Agora, porém, chegou a hora de colocar esse amadurecimento à prova com a disputa do Pan Continental de Curling

A competição, criada nesta temporada pela Federação Mundial da modalidade, vai acontecer em Calgary, no Canadá, e reúne as seleções da Ásia, América, Oceania e África. Ao todo, são duas divisões e cinco vagas em cada gênero para o Mundial por equipes de 2023. A primeira rodada vai ser na segunda-feira, 31 de outubro, e a final está prevista para 6 de novembro de 2022.  

Uma competição deste tipo era um desejo antigo de nações emergentes no Curling, como o Brasil. Por muito tempo, o país competia apenas no America's Challenge, decidido após três ou quatro jogos contra uma ou duas seleções. Nos últimos anos havia a repescagem para o Mundial, mas não trazia a regularidade no calendário que os atletas queriam. 

Agora, porém, é totalmente diferente. O Pan Continental de Curling não só garante um calendário cheio de sete jogos na primeira fase (oito para a disputa feminina neste ano), como proporciona diferentes situações. Há confrontos contra a elite do esporte, como o Canadá, mas também jogos contra outras nações que ainda estão se desenvolvendo, como Cazaquistão. 

Dessa forma, o objetivo é finalmente identificar qual a posição do Brasil no cenário internacional da modalidade, mas sem perder a chance de duelar - e aprender - contra grandes jogadores. A partir daí, traçar as melhores estratégias de desenvolvimento para mostrar que o Curling está realmente consolidado no país. 

Time masculino quer se manter na elite

Para mostrar que o esporte está amadurecendo, a seleção brasileira novamente conta com a experiência de Marcelo Mello como skip. À frente da equipe masculina em todas as participações do país no America's Challenge e na repescagem do Mundial em 2019, ele novamente pretende mostrar a evolução do Curling brasileiro. 

Ao lado dele, seus companheiros de equipe Ricardo Losso como third e Filipe Nunes, outro veterano da modalidade no Brasil, como lead. Já Sérgio Vilela vai atuar como second da equipe brasileira na competição. O também experiente Márcio Rodrigues foi o escolhido como Alternate para a disputa. 

O time venceu o desafio no Campeonato Brasileiro, em agosto, e chega confiante para o Pan Continental de Curling. Afinal, além do maior entrosamento, os jogadores contam com a orientação da técnica canadense Amélie Blais, que orientou os jogadores durante os treinamentos e com torneios preparatórios nas últimas semanas. 

O time masculino chega muito motivado para o PCCC após algumas semana de preparação. Podemos dizer que foi a melhor preparação dos últimos três anos, com vários torneios preparatórios e quatro dias seguidos de treinamento com nossa técnica em Calgary. Não podemos nos esquecer que o Brasil ainda é uma nação emergente no cenário do Curling mundial. Nossa expectativa é fazer um bom campeonato, mas focando principalmente na permanência na Divisão A (Ricardo Losso, third do time masculino)

Equipe feminina busca vitórias e crescimento 

Da mesma forma que os homens, a seleção brasileira feminina também conta com a experiência de suas atletas. Ísis Oliveira, uma das jogadoras brasileiras com mais tempo de Curling, é a skip que tentará buscar as vitórias que deverão garantir a permanência do país na primeira divisão. Com nove seleções, duas serão rebaixadas.

No Pan Continental de Curling, ela estará ao lado de suas colegas na equipe Onda Brasil, com Sarah Lippi de lead e Marcelia Melo de second - Kenya Franz, grávida, não pode jogar e foi substituída por Luciana Barrella, "emprestada" pelo time de Anne Shibuya para a competição. 


Christine Matheu é a treinadora principal e Barb Zbeetnoff a segunda técnica. A novidade é a presença de Giullia Rodriguez como alternate da equipe feminina. A atleta treina na Arena Ice Brasil e, assim, torna-se na primeira competidora formada no país a competir internacionalmente no Curling. 

Essa será uma competição muito importante, pois o Brasil estará competindo no grupo A contra grandes potências, como Canadá, Estados Unidos e Coreia do Sul. Nosso objetivo é mostrar ao mundo que o Curling brasileiro vem crescendo a cada ano. Queremos pensar end a end, jogar bem e tentar sair de lá com algumas vitórias. Além disso, estamos também muito felizes em ter no nosso time a atleta Giullia Rodriguez. Ela será nossa reserva, mas é a primeira atleta formada na Arena Ice Brasil a representar o país em uma competição internacional. É mais uma amostra de que o Curling brasileiro vem crescendo e veio para ficar! (Ísis Oliveira, skip do time feminino)

Confira a tabela do Brasil no Pan Continental de Curling 

No total, são sete jogos para o Brasil entre os homens e oito entre as mulheres no Pan Continental de Curling. As partidas terão transmissão pela emissora canadense TSN e todas as partidas da Divisão A serão exibidas no streaming The Curling Channel. A inscrição é gratuita, mas cada partida custa "pontos" que precisam ser adquiridos pelos torcedores. A tabela está abaixo de acordo com o horário brasileiro. 


Disputa masculina

31/10 - 17h - Brasil x Taiwan
01/11 - 17h - Brasil x Canadá
02/11 - 11h - Brasil x Nova Zelândia
02/11 - 19h - Brasil x Austrália
03/11 - 12h - Brasil x Japão
03/11 - 22h - Brasil x Coreia do Sul
04/11 - 17h - Brasil x Estados Unidos

Disputa feminina 

31/10 - 12h - Brasil x Austrália
31/10 - 22h - Brasil x Coreia do Sul
01/11 - 12h - Brasil x Hong Kong
01/11 - 22h - Brasil x Estados Unidos
02/11 - 15h - Brasil x Japão
02/11 - 23h - Brasil x Canadá
04/11 - 12h - Brasil x Nova Zelândia
04/11 - 22h - Brasil x Cazaquistão

Qual é o regulamento do Pan Continental de Curling?

A competição é bem simples: primeira fase em que todos os times se enfrentam em turno único. Os cinco melhores países de cada gênero garantem a classificação para o Mundial de Curling em 2023. O último colocado entre os homens e as duas piores seleções entre as mulheres serão rebaixados para a Divisão B na próxima temporada. 

Além disso, os quatro melhores avançam para as semifinais: o primeiro contra o quarto e o segundo contra o terceiro. Os jogos serão no sábado, 5 de novembro. No mesmo dia já acontece a disputa pelo bronze entre os homens. Já no domingo, 6 de novembro, tem as finais de cada gênero e também o bronze feminino. 

No mesmo período também acontece a competição inaugural da Divisão B do Pan Continental de Curling. Entre as mulheres são quatro seleções: Taiwan, Quênia, México e Nigéria. Entre os homens, são oito países: Guiana, Hong Kong, Índia, Cazaquistão, Quênia, Nigéria, Catar e Arábia Saudita. Apenas o campeão de cada gênero avança para a primeira divisão em 2023. 

Quais são os rivais do Brasil? 

Por estar na elite, a seleção brasileira vai enfrentar equipes com larga experiência, incluindo medalhistas olímpicos e mundiais. Há uma equipe a mais na categoria feminina por conta da pandemia de covid-19, que impediu a participação da Austrália na temporada passada. Confira os rivais do Brasil: 

Disputa masculina

  • Canadá: representado pelo time de Brad Gushue, atual campeão canadense, campeão olímpico em Turim/2006, bronze em Pequim/2022, campeão mundial em 2017, vice-campeão mundial em 2018 e 2022, além de incontáveis títulos em outros torneios. É o grande favorito ao título do Pan Continental de Curling
  • Estados Unidos: liderado pelo time de Korey Dropkin, uma das principais revelações do esporte no país. Prata no Mundial Júnior de 2016, ganhou o título estadunidense em 2021 e foi semifinalista da primeira etapa do Grand Slam de Curling desta temporada. 
  • Austrália: o skip é Jay Merchant, experiente atleta que representa a Austrália em diversas competições internacionais. Outro destaque do time é Dean Hewitt, que esteve presente nas duplas mistas que classificou o curling australiano pela primeira vez aos Jogos Olímpicos. 
  • Nova Zelândia: país vai com o time de Anton Hood. Além de participação em Mundiais Júnior, a equipe representou a Nova Zelândia no Campeonato Ásia/Pacífico nas temporadas de 2019 e 2020, terminando ambas na quarta posição. 
  • Coreia do Sul: essa é a primeira temporada que Jeong Byeong-jin atua como skip do time sul-coreano. Antes, ele integrou as equipes que conquistou o bronze no Ásia/Pacífico de 2018 e disputou o Mundial de 2019. Além disso, começou bem a caminhada da temporada, com o título nacional da Coreia do Sul. 
  • Japão: com o skip Yanagisawa Riku, o time japonês disputa regularmente os principais torneios do Tour, mas vai fazer sua estreia internacional representando o país. Mas Yamaguchi Tsuyoshi, que atua como third, esteve em seis Mundiais e nos Jogos Olímpicos de 2018. 
  • Taiwan: o skip Shen Randolph é um dos atletas mais experientes do país. Ele liderou a seleção no campeonato Ásia/Pacífico entre 2009 e 2019, além de duas edições do Mundial Misto de Curling em 2018 e 2019. 

Disputa feminina

  • Canadá: o time de Kerri Einarson é a atual tricampeã canadense e bronze no Mundial de 2022, além de ter chegado à final nas duas etapas do Grand Slam desta temporada. Ou seja, grande favorita ao título. 
  • Estados Unidos: é a quarta temporada de Tabitha Peterson como skip e ela representou os Estados Unidos em quase todos os grandes eventos. Foi bronze no Mundial de 2021 e esteve presente nos Jogos Olímpicos de 2022. 
  • Austrália: Jennifer Westhagen é a campeã australiana de 2022, mas ela já representou o país no campeonato Ásia/Pacífico em 2019, como third, e em 2016, como skip - nesta última foi quinta colocada, seu melhor desempenho. 
  • Nova Zelândia: Jessica Smith ganhou o campeonato neozelandês em 2022 pela primeira vez e contou com o reforço de duas veteranas do curling no país. Bridget Becker e Nathalie Thurlow. Elas eram a capitã e vice em diversas disputas internacionais, incluindo a repescagem do Mundial de 2019, quando perderam para o Brasil por 8x6.
  • Japão: a seleção japonesa vai ser liderada por Fujisawa Satsuki, uma das melhores atletas da atualidade. Ela foi bronze nos Jogos Olímpicos de 2018 e prata em 2022, além de vice-campeã mundial de 2016. Também entra como favorita ao título. 
  • Coreia do Sul: essa é a primeira temporada de Ha Seung-youn como skip e no Campeonato Sul-coreano ela desbancou os times de Kim Eun-jung (prata em PyeongChang/2018 e prata no Mundial de 2022) e de Gim Eun-ji, semifinalista na segunda etapa do Grand Slam desta temporada. 
  • Hong Kong: a experiente Hung Ling-Yue novamente vai ser a skip de Hong Kong. Ela esteve presente na disputa do Ásia/Pacífico entre 2016 e 2021, alcançando como melhor resultado a quarta posição. Esteve na repescagem do Mundial em 2019 e perdeu para o time brasileiro comandado por Anne Shibuya por 7x5. 
  • Cazaquistão: prestes a fazer 21 anos, Angelina Ebauyer já é uma das atletas mais experientes do curling cazaque. Ela liderou a equipe que foi bronze no Ásia/Pacífico de 2021 e ficou na quinta posição da repescagem para o pré-olímpico (incluindo ganhando do Brasil). 

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