Adeus e missão cumprida

Equipe brasileira com o Embaixador Marcos Lopes, de verde (Divulgação)

O Brasil se despediu ontem do primeiro Pan-Americano de Hóquei no Gelo, realizado no Icedome, o novíssimo rink oficial na Cidade do México. O país, como era de se esperar, perdeu da Colômbia por 14 a 0 e ficou na quinta e última posição no torneio masculino. 

Mas independente dos resultados obtidos, das goleadas sofridas e das quatro derrotas em quatro jogos, podemos dizer que os jogadores brasileiros e o técnico/dirigente Alexandre Capelle retornam para o Brasil com a sensação de missão cumprida. 

Primeiro porque ninguém esperava realmente que a seleção brasileira pudesse realmente brigar por vitórias. No único jogo em que isso era possível, contra a Argentina, o time teve chances até o último minuto - sofreu o quinto gol (foi 5 a 3) quando já estava numa tática suicida, sem goleiro, em busca de um empate. 

A seleção foi montada às pressas para o torneio e nem contou com jogadores da seleção de inline, o que ajudaria um pouco na adaptação. Além disso, a transição para o gelo ocorreu uma semana antes da estreia e ainda por cima enfrentou grandes equipes do continente, como Canadá (mesmo jogando com o time juvenil é uma seleção fortíssima no continente), México e Colômbia. São países que, acredite, possuem mais tradição no hóquei no gelo do que o Brasil e Argentina. 

A ideia era aprender, como o próprio Capelle disse ao Brasil Zero Grau, e realmente estar no mesmo torneio que esses países já ajuda nisso. Os jogadores participaram de clínicas e treinos e puderam ver de perto um rink olímpico de verdade. Aliás, se o projeto de ter um rink oficial no país evoluir, certamente o México poderá contribuir ainda mais com o nosso país. 

Com a estreia oficial já consolidada, resta à CBDG permitir a consolidação de uma seleção nacional de fato, integrando os atletas de inline ao gelo e dando condições de disputarem torneios ao redor do mundo. É aquela velha lógica do esporte: quanto mais contato tiver com os melhores do mundo, mais rápido será a evolução e o aprendizado. 

É preciso também que tenha uma maior divulgação. A comunidade do hóquei no gelo no Brasil é muito grande (similar à patinação no gelo) e certamente é um público que consumirá informação e produtos da equipe. A identidade visual, com o canário, ficou legal, mas é preciso mais. Todo apoio é bem-vindo. Por isso que considero a visita a Marcos Raposo Lopes, Embaixador Brasileiro no México, como o principal triunfo da seleção nessa estadia de duas semanas no país norte-americano. O trabalho está apenas no começo.

Campanha

Elaine entrou em contato com o blog para afirmar que a campanha de Petição Pública não é contra o fechamento da maior pista de patinação artística do Brasil, já consumada na semana passada, e que ficava localizada no Supermercado Extra, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ela quer promover uma mobilização entre CBDG, COB, secretaria de esportes do Rio, Ministério dos Esportes e demais órgãos competentes para tentar viabilizar um plano B, por assim dizer. 

Feito o registro. Mas ainda acho que uma coisa leva a outra, sem dúvida. Se o Extra tem total autonomia para fazer o que quiser (até mesmo fechar uma pista que trazia um público fiel e que contou até com atleta olímpica), o caso faz com tenhamos uma reflexão interessante. 

Como afirmei acima, o público que acompanha patinação artística no gelo aqui no Brasil é muito grande e, querendo ou não, o Brasil vem ganhando respeito internacional com seus atletas (sobretudo Isadora e Luiz). Acredito que a modalidade chegou em um ponto em que se faz necessário ter um rink oficial no país. 

Mas aí tem o outro lado da moeda: os recentes gastos com estádios da Copa do Mundo de Futebol fez com que as autoridades pensassem duas vezes qualquer investimento com infraestrutura esportiva. Também não são poucos os contrários ao investimento público na construção de qualquer arena esportiva. Se muitos reclamam que o governo não pode gastar com o futebol, que é o esporte principal, imagina se o Ministério dos Esportes resolver financiar um rink de patinação e hóquei no gelo. Não tenho dúvidas que setores da imprensa e a população em geral serão contrárias à ideia. Muitos deles questionam a própria participação do Brasil em esportes de inverno....

Eu sou favorável a construção do rink oficial, mas sei que para isso é necessário ter jogo de cintura. Cabe à CBDG e todos os órgãos citados procurarem alternativas. A entidade de gelo já fez isso com o curling, onde a própria Federação Internacional da modalidade vai construir uma arena no Rio Grande do Sul. Agora é buscar patrocinadores e parceiros para tentar algo semelhante com a patinação e o hóquei. 

Enquanto isso, a campanha segue e você pode participar. Basta clicar no link, que está no lado direito deste blog.

Campanha 2

Luiz Manella, no retorno (Reprodução)
Uma outra campanha que mobilizou os fãs de patinação artística no Brasil foi a tentativa de evitar que o talento de Luiz Manella fosse desperdiçado. Após não conseguir a classificação olímpica por muito pouco no Nebelhorn e cansado da falta de perspectiva e ajuda, ele resolveu que não ia treinar mais na patinação no gelo. 

Foi aí que entrou em ação Thayana Stocco, também patinadora e que numa passagem pelos EUA acabou conversando com a família Manella. Ela pediu num grupo do Facebook que os fãs mandassem mensagem de apoio para que ela colocasse na página do jovem. Era uma forma de tocar o coração dele e fazê-lo repensar sua "aposentadoria". 

Conseguiu! Comovido com a ideia, ele voltou a treinar após dois meses e logo nos primeiros 45 minutos já conseguiu executar seu primeiro Triplo Toe da carreira. "Nossa, meu coração acelerou", confessou Luiz no Facebook. É, ele realmente nasceu para isso! Que sirva de uma motivação a mais para ele continuar competindo. Os fãs, do Brasil e do mundo, agradecem.

2 Comentários

  1. A história foi feita. Não interessa placar, posição final, nada disso: só em haver um time desses representando um país tropical é algo heroico. Só não entendo por que o torneio teve tão pouca divulgação, e nem falo da imprensa brasileira. CBDG (cujo logo está nos ombros das camisas), IIHF (que, pelo que entendi, não organizou, mas deu chancela para a oficialização do torneio), ninguém divulgou direito o campeonato! Uma pena. Muito orgulhoso do meu país, mesmo assim. Que venham os próximos capítulos, mesmo que seja com derrotas, últimos lugares e gols sofridos. Ficarei orgulhoso igual.

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    1. Olá Thiago, concordo plenamente com você. Somente agora os grandes veículos descobriram que havia uma seleção de hóquei no gelo.... É para isso que esse blog existe! Qto ao silencio da CBDG, ela só se justifica por conta do silêncio da IIHF. Juro que também não entendi. Mas enfim, que seja apenas o começo...

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