"Super adolescentes" preparam invasão nos Jogos Olímpicos de Inverno

Kelly Sildaru nem tem 15 anos e já é bicampeã do Winter X-Games (Divulgação)

Quem acompanha o Brasil Zero Grau sabe que o Winter X-Games não é uma competição prioritária em minha cobertura. A independência do evento em relação às demais competições internacionais, somada à agenda apertada em plena alta temporada dos esportes de inverno, faz com que eu ignore a disputa.

Contudo, uma publicação do portal Vido Esporte (excelente, por sinal), chamou minha atenção para um fato que certamente vai impactar as modalidades freestyle nos Jogos Olímpicos de 2018 e em competições futuras: a entrada dos "Super Teenagers" no esqui livre e snowboard. 

O portal abordou a história da estoniana Kelly Sildaru. Mesmo proveniente de um país sem tradição neste tipo de esporte, a adolescente de 14 anos tornou-se a mais jovem bicampeã do Winter X-Games no último fim de semana, em 28 e 29 de janeiro, com o ouro no esqui livre slopestyle. O resultado impressiona se lembrarmos que ela sequer pode competir no circuito internacional da FIS por conta da baixa idade. 

O feito de Sildaru superou a antiga marca da norte-americana Chloe Kim. Em 2016, aos 15 anos, ela era a mais jovem bicampeã do Winter X-Games com triunfos no snowboard pipe. A jovem, porém, já fez sua estreia no circuito internacional em grande estilo: quatro provas disputadas, três vitórias e em uma delas transformou-se na primeira mulher a fazer um salto 1080.

As semelhanças entre as duas superam a baixa idade e os recordes quebrados. Kim e Sildaru nada mais são do que frutos da iniciativa do COI nos anos 1990 de atrair os jovens para os Jogos de Inverno - o que resultou na inclusão do snowboard no programa olímpico em 1998. Dessa forma, elas integram a primeira geração de jovens atletas que acostumou-se a ver seus esportes radicais preferidos dentro dos Jogos Olímpicos. 

E o que isso significa, afinal? Os millenials enxergam o freestyle não apenas como um estilo de vida, mas sim como esporte competitivo e representativo nos grandes eventos. Se na década de 1990 houve discussão e até boicote de atletas com a inclusão do snowboard nos Jogos de Inverno (algo semelhante com o que ocorre hoje com o skate), agora não se discute mais a importância, os resultados e a popularidade obtidas por essas modalidades dentro do programa olímpico (aqui você pode ler, em inglês, um ensaio interessante sobre isso). 

A inclusão traz representatividade - que, por sua vez, resulta em normalidade. Assim, uma jovem como Kelly Sildaru vê com naturalidade a possibilidade de se tornar uma atleta de esqui livre. Para ela, sua modalidade é tão importante e olímpica quanto o esqui cross-country, o esqui alpino e outros esportes presentes desde a primeira edição dos Jogos de Inverno, em 1924. 


Não à toa que os principais campeões do Winter X-Games desta temporada são jovens que não hesitam representar seus países em competições como Copa do Mundo, Mundial e Jogos Olímpicos. Além das duas já citadas, temos os exemplos de Hailey Langland, 16 anos, Julia Marino, 19, Markus Kleveland, 17, Aaron Blunck, 20, e Lisa Zimmerman, 20. 

Enquanto nomes como Shaun White e Kelly Clark seguem reverenciados por tudo o que fizeram pelo snowboard e esqui livre nos Jogos Olímpicos, são esses adolescentes os responsáveis por levar essas modalidades a outro nível de competição e olimpismo. 

Ah, em tempo: os resultados oficiais do Winter X-Games de 2017 estão neste link

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